Ciro faz aceno a Simone Tebet: ‘É diferente, mas está sendo traída’
Afirmação foi feita após pedetista ser questionado sobre com quem da terceira via ele comporia; senadora rejeita vice
Pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, o ex-ministro Ciro Gomes disse ontem que a senadora Simone Tebet, presidenciável do MDB, é uma pessoa “diferente” dos demais nomes apresentados pela terceira via, mas está sendo “traída pelo próprio partido”. “É uma pessoa que acho que vai ter um papel importante”, disse.
As afirmações foram feitas após Ciro ser questionado, durante entrevista à Rádio Bandeirantes, sobre qual pré-candidato da terceira via ele aceitaria ter na chapa. “Eu tenho uma pessoa dessas aí (da terceira via) que eu respeito muito. Ela é diferente. Ela não é uma viúva do bolsonarismo igual o (João) Doria. Ela é uma pessoa que acho que vai ter um papel importante, que é a Simone Tebet”, disse.
“Simone Tebet está sendo traída pelo próprio partido porque o Lula está corrompendo. Já está acertado com Eunício Oliveira e o Renan Calheiros, os mesmos do esquema do escândalo do Petrolão”, emendou Ciro, em referência às articulações de emedebistas históricos com o pré-candidato petista.
Apesar do aceno, a senadora já declarou em diversas ocasiões que, se não for efetivada como candidata à Presidência, não tem “plano B”. “Vou subir no palanque do centro democrático, mas, se eu não pontuar a ponto de ser a cabeça de chapa, eu não vou ajudar sendo vice”, afirmou a parlamentar em abril, durante sabatina do jornal Folha de S. Paulo/UOL.
Na quarta-feira, presidentes dos partidos da chamada terceira via – PSDB, MDB e Cidadania – definiram que o nome de consenso do grupo será definido a partir da análise conjunta de pesquisas quantitativas e qualitativas encomendadas pelas legendas. A disputa hoje é entre Simone Tebet e o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB).
Pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem aponta que Doria tem 3% das intenções de votos e Simone tem 1%. Lula aparece com 46%, seguido de Bolsonaro, com 29%. Ciro aparece em terceiro, com 7%.
‘ATÉ O FIM’. Na entrevista, Ciro voltou a afirmar que se manterá na disputa “até o fim”. “O sistema me quer ver expelido. Ele não quer nem que eu tenha direito de falar. Exigem todo dia que eu tire a minha candidatura”, disse. Anteontem, nas redes sociais, o ex-ministro argumentou que, sem sua candidatura, a polarização aumentaria no momento em que Lula “estagnou” e Bolsonaro se sustenta nas pesquisas de intenção de votos para a Presidência.
As afirmações ocorrem após o Estadão revelar, na terça-feira, que Lula entrou pessoalmente nas articulações com o objetivo de atrair o PDT para a aliança em torno de sua pré-candidatura, aumentando a pressão para que Ciro desista da disputa.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, negou ontem que exista pressão interna para que Ciro desista da pré-candidatura após movimentos de Lula. “Não existe pressão nenhuma interna de desistência. Nós já tivemos dois encontros nacionais em que a pré-candidatura de Ciro foi homologada por unanimidade”, disse.
CONVERSAS. Lupi afirmou ainda que o PDT mantém diálogo com os outros partidos para possíveis alianças como a União Brasil – que tem o deputado federal Luciano Bivar (PE) como presidenciável – e PSD. “Nossa aspiração é sempre ter alianças. Se tiver alianças, melhor. Se não tiver, vamos sozinho também vamos”, afirmou.
Sobre a relação Ciro-Tebet, o presidente do PDT disse que os dois pré-candidatos ainda não sentaram para conversar e que não tem previsão para isso acontecer.
Durante a entrevista, o précandidato do PDT evocou expressões religiosas para explicar suas ideias – estratégia usada tanto por Lula quanto por Bolsonaro. Em um momento, afirmou que tem rezado pela disputa eleitoral de outubro. “Estou pedindo a Deus todo dia que ilumine as minhas palavras que não seja pra mim, que seja pra outro. Mas vamos desarmar essa bomba”, disse. •
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