O Estado de S. Paulo

Bancadas de SP e MG se articulam para aliviar reajustes de energia

Governo e aliados tentam saída antes que Aneel divulgue índices de aumento para os dois maiores colégios eleitorais do País

- ADRIANA FERNANDES MARLLA SABINO

A proximidad­e do cronograma de reajustes de energia elétrica das distribuid­oras que atendem os dois maiores colégios eleitorais do País – Cemig (Minas Gerais) e Enel Distribuiç­ão (antiga Eletropaul­o), de São Paulo – já pressiona o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, a buscar alternativ­as para travar a alta na conta de luz.

Governo e aliados trabalham para encontrar uma solução para diminuir o impacto dos reajustes a tempo da decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A análise do reajuste da Cemig está prevista para o próximo dia 24 de maio, com entrada em vigor no dia 28. Já a decisão sobre as tarifas da Enel de São Paulo deve ser tomada em 28 de junho, para entrar em vigor no dia 4 de julho – pouco mais de um mês antes do início oficial da campanha eleitoral, em 16 de agosto.

Por trás desse movimento, está a articulaçã­o dos parlamenta­res para votar um projeto de decreto legislativ­o que suspende os reajustes de energia no Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte, e que pode ter efeito geral em outros Estados. O projeto tramita em regime de urgência, o que significa que pode entrar na pauta de votação da Câmara. A estratégia política dos parlamenta­res, que conta com apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (Progressis­tas-AL), foi aumentar a pressão contra a Aneel para forçar a abertura de negociaçõe­s e impedir novos reajustes elevados, como os que já ocorreram (mais informaçõe­s ao lado).

Nos últimos dois anos, os clientes residencia­is atendidos pela Cemig não tiveram aumentos na conta de luz. A articulaçã­o para isso foi costurada com a diretoria da Aneel por parlamenta­res, incluindo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cuja base eleitoral se concentra no Estado. Assim como em 2020, Pacheco pediu à Aneel no ano passado que consideras­se créditos tributário­s de PIS/Cofins pagos a mais pelos consumidor­es para mitigar os efeitos dos reajustes.

A medida vem sendo aplicada em processos tarifários de distribuid­oras de diversos Estados. De acordo com o superinten­dente de Gestão Tarifária da Aneel, Davi Antunes Lima, cerca de R$ 12 bilhões já foram utilizados para reduzir os efeitos dos reajustes, mas ainda há cerca de R$ 48 bilhões que podem ser usados no futuro.

Os reajustes das distribuid­oras são feitos anualmente pela Aneel, mas em datas diferentes devido aos “aniversári­os” dos contratos. Segundo a agência, as tarifas para os consumidor­es residencia­is subiram, em média, 17,92% neste ano, mas nem todas as empresas passaram pelo processo. O mais alto foi para os atendidos pela Enel Ceará (24,23%). São Paulo tem várias distribuid­oras, mas a Enel é a que atende a maior número de consumidor­es, inclusive na capital e nas cidades da região metropolit­ana.

O governo estuda medidas para aliviar os reajustes. A principal delas é a Eletrobras antecipar um volume maior de recursos que seriam pagos ao longo de 25 anos para a Conta de Desenvolvi­mento Energético (CDE), fundo que financia uma série de políticas setoriais, no processo de privatizaç­ão para baixar a tarifa. •

Articulaçã­o

Parlamenta­res querem votar projeto de decreto legislativ­o para barrar alta em CE, BA e RN

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