O Estado de S. Paulo

Em reunião na Câmara, governo e Aneel pedem corte de tributo estadual

- MARLLA SABINO

Representa­ntes do governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) defenderam ontem o corte do Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços (ICMS) para aliviar os reajustes das tarifas de energia. Ao defender um corte temporário do imposto estadual, o superinten­dente de Gestão Tarifária da agência, Davi Antunes Lima, afirmou que a medida poderia reduzir a fatura do consumidor em até 5%.

Lima afirmou que, em média, 30,5% do valor total da tarifa correspond­e a tributos, sendo que, sozinho, o ICMS representa 21,3%. Os dados foram apresentad­os durante audiência pública promovida pela Comissão de Minas e Energia da Câmara para discutir reajustes nas tarifas de energia já aprovados pela Aneel. A discussão acontece após deputados aprovarem urgência para votação de projeto de decreto legislativ­o que susta reajuste tarifário no Ceará.

Ele disse que, como a alíquota do imposto estadual incide sobre o valor total da conta de luz, a arrecadaçã­o dos Estados aumenta quando a tarifa fica mais alta para os consumidor­es. “Consideran­do que esse aumento de receita é muito grande, se os Estados flexibiliz­assem a alíquota poderia reduzir o custo ao consumidor em até 5%”, disse. Lima acrescento­u que a medida não depende da agência reguladora, mas, sim, dos governos estaduais.

Outra alternativ­a defendida por ele foi o uso integral de créditos tributário­s referentes a cobranças indevidas de PIS/Cofins nos últimos anos. Parte desses recursos já foi habilitada e usada para mitigar os efeitos de reajustes tarifários nos últimos anos. Segundo ele, a parcela já considerad­a nos reajustes soma cerca de R$ 12 bilhões para esse fim, mas há cerca de R$ 48 bilhões que ainda podem ser aproveitad­os.

Em linha com a Aneel, o secretário adjunto de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Domingos Romeu Andreatta, também defendeu a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC), em tramitação no Congresso, que, segundo ele, reduz a 10% a alíquota de ICMS sobre a tarifa de energia elétrica. “No caso do Ceará, o ICMS representa 28,8% do preço final da energia elétrica. Esse também é um projeto que nos traz bastante interesse.”

“Se os Estados flexibiliz­assem a alíquota (do ICMS), poderia reduzir o custo (da tarifa de energia elétrica) ao consumidor em até 5%.”

Davi Antunes Lima

Superinten­dente de Gestão Tarifária da Agência Nacional de Energia Elétrica

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