Inflação e juros desvalorizam bitcoin à metade em 6 meses
O êxodo de ativos de risco que se espalhou pelas mesas de operações globais nas últimas semanas castigou o bitcoin. A criptomoeda perdeu metade do valor registrado no pico histórico, há cerca de seis meses, e opera nos menores níveis desde janeiro de 2021, abaixo de US$ 30 mil. Com inflação e juros mais altos nas principais economias do mundo, a tendência é de que as moedas digitais sigam atreladas ao clima geral do mercado, mas uma possível onda de vendas por fatores técnicos ameaça impor pressão de queda ainda mais intensa.
Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) ampliou a dose do combate à escalada inflacionária e aumentou juros em 50 pontos-base, depois de ter elevado a taxa básica em 25 pontos-base em março. O temor de que a postura mais firme do Fed empurre a maior economia do planeta à recessão imprimiu cautela aos negócios financeiros. No entanto, por terem um grau ainda maior de instabilidade, os criptoativos tiveram desvalorização mais acentuada.
O bitcoin, que havia se estabilizado nos arredores de US$ 40 mil no final de abril, despencou para a faixa dos US$ 30 mil e já perdeu essa marca. Entre as altcoins, como são conhecidas as demais criptomoedas, a ether recuou 35% no último mês, a cerca de US$ 1,94 mil, e a dogecoin sofreu uma drástica queda de 45%, passando a valer ao redor de US$ 0,08. “Os fundamentos de longo prazo do bitcoin não mudam há meses, mas as preocupações com o crescimento e recessão tornaram o ambiente muito difícil para as criptomoedas”, diz o analista Edward Moya, da Onda.
Anteontem , a divulgação de novos dados de inflação nos EUA, a maior em quatro décadas, trouxe ainda mais instabilidade. Com isso, o bitcoin oscilou entre robustos ganhos e perdas, antes de encerrar o dia no vermelho. “O bitcoin permanece muito vulnerável a mais pressão de venda e pode ver mais vendas técnicas se o nível de US$ 28,5 mil for rompido”, afirma Moya. •