O Estado de S. Paulo

O futuro que o Google imagina

- JORNALISTA

Dentre os muitos produtos novos que Sundar Pichai, CEO do Google, apresentou ao público nesta semana, o mais divertido é um par de óculos. Quem lembra do fiasco que foram os Google Glasses, há dez anos exatos, estaria desculpado em dar pouca atenção. Estes óculos novos, porém, têm cara tão pacata que ninguém repararia neles pela rua. E, ainda assim, carregam inteligênc­ia artificial o suficiente para projetar informação pelo lado de dentro lente de quem os veste. No vídeo de demonstraç­ão, Pichai mostrou um senhor que fala espanhol, mas não inglês, lendo legendas produzidas em tempo real. Viajar pelo mundo nunca mais será a mesma coisa. Só que não há data para esses óculos de realidade aumentada chegarem às lojas. É um produto em desenvolvi­mento e uma mostra do que o Google vem chamando de “tecnologia ambiental”. De certa forma, o Google tenta ser a Apple.

Tecnologia ambiente é, principalm­ente, sutil. Uma das dificuldad­es do Google é que, ora, a lógica de seu negócio não é a mesma da Apple. A Apple vende máquinas. O Google vende publicidad­e.

Como a Apple vende máquinas, seu foco é fazer delas muito exclusivas, muito fáceis de usar, carregadas de serviços que estimulem o usuário a continuar usando a marca. A integração é necessária para que quem compre um iPhone ache que vale buscar também um iPad, talvez um MacBook.

Como o Google vende propaganda, precisa jogar no campo dos grandes números.

Quanto mais gente usar produtos Google por mais horas do dia, mais dados sobre comportame­nto a empresa terá para direcionar a publicidad­e de forma precisa. Então o Google não quer exclusivid­ade. Seu sistema Android não é feito para poucos. É para estar na maior quantidade de smartphone­s que puder. Cada um será uma máquina de produzir informação para vender anúncios.

A consequênc­ia de quase todo celular ser Android é que o Google não tem controle sobre como as máquinas funcionam. Mas, durante a conferênci­a Google I/O, esta semana, a empresa lançou uma nova geração de seu próprio smartphone, o Pixel 7. Vai botar este ano na rua também um novo tablet, os Pixel Buds para os ouvidos e um Pixel Watch. Uma linha inteira de produtos de ponta, capaz de competir com Apple ou Samsung. A empresa permitiu que as equipes do sistema Android e a de equipament­os operassem juntas.

Esse futuro integrado começa com as máquinas que já temos funcionand­o como se fossem, todas, um só computador. Aí virão aqueles óculos, as roupas inteligent­es. E seja lá o que mais for.

Novos óculos de realidade aumentada são a ‘tecnologia ambiental’

SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi (quinzenalm­ente) TER. Ana Carla Abrão, Pedro Fernando Nery e Demi Getschko (quinzenalm­ente) QUA. Fábio Alves QUI. Adriana Fernandes SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalm­ente) e Pedro Doria SAB. Adriana • • • • • Fernandes DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalm­ente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalm­ente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês) •

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