Tucano histórico declara apoio a Lula no 1º turno
Oex-chanceler Aloysio Nunes está convencido de que não existe espaço para a terceira via nas eleições e vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa ao Planalto. Integrante da velhaguarda do PSDB, Aloysio avalia que o ex-governador de São Paulo João Doria não tem como emplacar sua pré-candidatura e já foi rifado pelo partido.
Sob o argumento de que estamos diante de “uma situação catastrófica”, o ex-ministro das Relações Exteriores e da Justiça vai além: diz ser preciso criar um amplo movimento em torno de Lula, desde já, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, afirmou Aloysio. “Não existe essa terceira via. Só existem duas: a da democracia e a do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”, insistiu ele.
Diante do isolamento de Doria, a tendência de tucanos históricos, como José Aníbal e Arthur Virgílio, por exemplo, é aderir à campanha de Lula. A expectativa é em relação ao momento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seguirá o mesmo caminho. Aloysio puxou a fila.
Em conversas reservadas, Lula já disse que, se for eleito, pretende chamar expoentes do PSDB para compor o governo e ocupar ministérios. O Estadão apurou que o nome de Aloysio está na lista, mas ele diz nunca ter tratado do assunto.
A rodada de pesquisas promovida agora pelo PSDB, MDB e Cidadania, para ver quem tem mais viabilidade eleitoral – se Doria ou a senadora Simone Tebet –, parece mais um gesto com o objetivo de selar o fim daquilo que nunca começou. Até hoje, as sondagens têm indicado Doria com no máximo 3% das intenções de voto e Tebet com 1%. Ninguém nesse jogo aceita ser vice.
“Chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, constatou Aloysio.
Há também outro fator que alimenta a crise nas fileiras tucanas. Boa parte do PSDB apoia Bolsonaro, mas, por ficar em cima do muro e não assumir o namoro em público, prefere que o partido libere os palanques. No mais importante deles, em São Paulo – Estado comandado pelo PSDB desde 1995 –, o governador Rodrigo Garcia tenta se descolar do alto índice de rejeição de Doria. •