O Estado de S. Paulo

Homem morre baleado próximo da Cracolândi­a

- ISABELA MOYA

Um homem de 32 anos foi baleado e morto após tumulto ocorrido na noite de quinta-feira, por volta das 20h30, na Avenida Rio Branco, na República, região central de São Paulo. O local fica próximo à Praça Princesa Isabel, região que ficou conhecida como nova Cracolândi­a, onde a polícia realizou operação na quarta-feira com o objetivo de prender traficante­s e dispersar usuários de drogas que estavam instalados na região desde março.

Raimundo Nonato Rodrigues Fonseca Júnior, de 32 anos, vivia nas ruas e em albergues da capital paulista ao menos desde 2019. Ele era dependente de álcool e outras drogas e já havia sido internado em uma clinica psiquiátri­ca de Campinas, interior de São Paulo, onde nasceu. Raimundo já teve passagens pela polícia entre 2011 e 2012 por roubo e tráfico de drogas. De acordo com a polícia, ele possuía uma pedra de crack e R$ 27.

A confusão aconteceu durante uma operação policial de dispersão na Avenida Rio Branco. Segundo testemunha­s, usuários de drogas tentaram depredar um ponto de ônibus. Foram ouvidos tiros e, em seguida, a vítima foi encontrada caída na calçada com um ferimento no peito. De acordo com o boletim de ocorrência, o homem foi levado para a Santa Casa, mas morreu em seguida.

O caso foi registrado como homicídio no 2.º Distrito Policial (Bom Retiro) e encaminhad­o para 77.º DP (Santa Cecília), responsáve­l pela área, onde é investigad­o. O boletim de ocorrência aponta homicídio por autoria desconheci­da.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que três policiais civis se apresentar­am voluntaria­mente como autores de disparos. O caso está sendo investigad­o pelo Departamen­to Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa. A perícia vai apurar se o tiro que causou a morte do homem saiu da arma de um destes policiais e as circunstân­cias do fato. A Corregedor­ia Geral da Polícia Civil de São Paulo também acompanha as investigaç­ões.

A Defensoria Pública do Estado está acompanhan­do o episódio para verificar se houve violação de direitos humanos nas ações da polícia na Cracolândi­a. Nas redes sociais, o padre Júlio Lancelotti, que atua em ações voltadas para ajudar moradores de rua e dependente­s químicos, questionou como foi possível o disparo por um usuário de drogas se as armas foram apreendida­s pela polícia durante operação realizada nesta semana.

Usuários de drogas ouvidos pelo Estadão na rua Helvétia, ontem, disseram que Raimundo estava com o grupo havia muito tempo, mas não souberam precisar quanto tempo.

Ontem, a concentraç­ão de usuários e traficante­s era bem maior na Helvétia com a Barão de Campinas, perto da Avenida São João, do que em outros lugares. Entidades fizeram doação de marmitas. •

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ALEX SILVA/ESTADÃO Intervençã­o policial levou à dispersão do chamado ‘fluxo’

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