O Estado de S. Paulo

Empresa desencoraj­a visitas de interessad­os por causa da violência

-

A violência e as ameaças que cercam a extração de manganês na região de Marabá, no Pará, levaram a mineradora Vale a declarar aos interessad­os em adquirir os direitos de mineração que, caso queiram visitar as oito áreas em oferta, que fiquem à vontade, mas que o façam por conta própria.

É comum, em propostas comerciais de mineração, que o proprietár­io organize visitas técnicas com os potenciais compradore­s – para que conheçam presencial­mente a região que poderão adquirir e atestem aquilo que está demonstrad­o em documentos. Não foi o que ocorreu nessa oferta, conforme carta a que a reportagem teve acesso.

“Em virtude das atividades de lavra clandestin­a que vêm sendo desenvolvi­das por terceiros na área do Projeto Buriti, a Vale não patrocinar­á visitas ao local”, disse a mineradora, no documento. E acrescento­u: “As empresas interessad­as em enviar oferta deverão fazêlo, por sua conta e risco, com base nos dados contidos no VDR (banco de dados digital) e em informaçõe­s obtidas diretament­e com representa­ntes da Vale”.

Diversas ações contra o crime organizado já acontecera­m na região, mas os invasores sempre retornam, e municiados por equipament­os pesados. A lavra do manganês feita na região tem caracterís­tica de ser a céu aberto, porque se trata de um minério encontrado na superfície. As cavas abertas pelos explorador­es são de grande dimensão porque o negócio só se justifica se realizado em larga escala.

Outra condição imposta pela Vale é que o comprador faça, prioritari­amente, “pagamentos à vista e em dinheiro”. A companhia não detalha valores e diz que vai se basear na melhor proposta que receber. A venda depende também de um aval do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES). •

A.B.

Operações contra o crime organizado até acontecem, mas invasores retornam em seguida

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil