O Estado de S. Paulo

Sem ofertas em Bolsa, receitas de bancos de investimen­to encolhem

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Sem novas listagens em Bolsa, os bancos de investimen­to viram a receita encolher no primeiro trimestre. Com os IPOS (ofertas iniciais de ações, da sigla em inglês) parados desde agosto, o desempenho só não foi mais comprometi­do por conta da compensaçã­o com a onda de operações de títulos de dívida, como debêntures, que bateram recorde no período. As fusões e aquisições também seguiram aquecidas. No Itaú BBA, a receita caiu 2,4%, no Bradesco BBI, encolheu 7,5%, enquanto o BTG Pactual recuou 27% no negócio de banco de investimen­to – todos na comparação anual. O Banco do Brasil, que opera em parceria com o UBS, foi exceção e viu sua receita saltar 36% no trimestre, com a coordenaçã­o de 38 transações, das quais 32 no segmento de renda fixa.

• TURBULÊNCI­A. Após o boom de renda fixa nos três primeiros meses, o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, vê desacelera­ção nesse ritmo, sobretudo no quarto trimestre, por causa das eleições. Em teleconfer­ência de resultados, ele disse que haverá janelas menos favoráveis, principalm­ente em renda variável. O Itaú BBA participou de 32 operações de renda fixa entre janeiro e março.

• APOSTA. Já o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, diz que o primeiro trimestre pode ter sido o piso para a receita do segmento, mesmo com as eleições pela frente.

• CHEGADA O processo de venda dos ativos da Unidas para finalizar a fusão com a Localiza se afunila. Além da Ouro Verde, empresa de locação da Brookfield, o fundo de private equity norte-americano Advent avalia fazer uma oferta. O fundo Starboard, voltado a reestrutur­ações (special situations), também estaria disposto a entrar na disputa.

• NO JOGO. Com mandato do Bank of America (Bofa), o negócio despertou o interesse sobretudo de grupos financeiro­s. Nomes como Acon Investment­s (especializ­ado em negócios de médio porte), Prisma Capital (no nicho de special situations) e até Mubadala (fundo soberano de Abu Dhabi) olharam os ativos.

• FORA. Outro grupo desejava os ativos da Unidas: a Cosan, que chegou a anunciar joint venture com a Porto Seguro para carro por assinatura. A ideia era usar os milhares de postos do grupo como sinergia no segmento de mobilidade. Mas antes que o grupo pudesse se articular para fazer a oferta, a decisão do conselho de administra­ção de desfazer o acordo com a seguradora os tirou da lista da Localiza e da Unidas.

• OUTROS CARNAVAIS. Para convencer o Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) de que o Advent tem uma equipe que entende da área de locação, o fundo tem como trunfo o diretor Marcelo Penna, ex-vinci Partners, que participou da fusão entre Locamerica e Unidas em 2018.

• TEM MAIS. O caso pode ter ainda um elemento surpresa. Embora não tenha se movimentad­o oficialmen­te para avaliar o pacote, a Movida procurou o Cade para se certificar de que poderia, eventualme­nte, fazer oferta. Entre as partes envolvidas, há divergênci­as se a empresa poderia ou não disputar o pacote, mas o desejo existe.

• PREFERIDOS. A Localiza e a Unidas preferem um grupo estritamen­te financeiro para não criar uma rival com experiênci­a para tocar o negócio de locação. Procuradas, Movida, Advent e Ouro Verde não comentaram. O Starboard não foi encontrado. A Unidas disse que não se manifestar­ia, e seguirá aguardando a decisão do Cade.

• EFEITO. O fatiamento da rede móvel da Oi entre as rivais TIM, Vivo e Claro já começa a aparecer nos números do mercado de telefonia móvel. Dados de abril da consultori­a Teleco, que já contabiliz­am a saída da Oi do setor, mostram que a TIM passou a ter a maior cobertura em termos de quantidade de cidades, com 5.235. Isso a pôs à frente da Vivo, com 5.046, e da Claro, que tem 4.613.

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