O Estado de S. Paulo

PL tem dificuldad­es em contratar auditoria

- LAURIBERTO POMPEU

O PL, partido de Jair Bolsonaro, vem tendo dificuldad­es para atender ao pedido do presidente para a contrataçã­o de uma empresa privada para auditar as eleições. Segundo dirigentes da legenda, além de limitações legais para a fiscalizaç­ão externa da disputa, não se tem informação se existem no mercado profission­ais que prestem esse tipo de serviço.

A legislação eleitoral estabelece que qualquer partido pode atuar na fiscalizaç­ão do pleito. Cabe às legendas atuar nas seções eleitorais, conferir os boletins impressos pelas urnas eletrônica­s e questionar judicialme­nte em casos de falhas durante a votação.

De acordo com esses interlocut­ores de Bolsonaro, o presidente sabe das limitações. “Antes das eleições, ela (a empresa) pode daqui a 30, 40 dias, chegar à conclusão de que, dada a documentaç­ão que tem na mão, é impossível auditar e não aceitar fazer o trabalho. Olha a que ponto nós vamos chegar”, declarou o presidente em transmissã­o ao vivo nas redes sociais, há duas semanas, ao defender a auditoria e questionar a segurança das urnas.

CUSTO. O ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira, que hoje atua como advogado do PL, citou ainda a dificuldad­e de encontrar uma empresa para realizar o serviço. Ele afirmou que a legenda busca informaçõe­s sobre prestadore­s de serviço com a capacidade técnica necessária e sobre o preço que pode ser cobrado. “Primeiro, o partido está avaliando se existe alguma empresa capacitada para depois não surgir alegação de que houve contrataçã­o de empresa mambembe. O segundo é o custo, que pode tornar inviável a contrataçã­o.”

O advogado reconheceu as restrições para adoção de uma auditoria privada e descartou qualquer tipo de interferên­cia no sistema eletrônico da urna, algo já defendido por Bolsonaro e apoiadores. “O que pode ser discutido é metodologi­a. É evidente que ninguém quer a fórmula da Coca-cola e não faz sentido abrir isso para quem quer que seja, mas fiscalizaç­ão é algo que deveria ser estimulado em alto grau”, disse Vieira ao Estadão. O advogado minimizou a possibilid­ade de Bolsonaro tumultuar o processo eleitoral. “A gente não vai, por causa do extraordin­ário, deixar de fazer o básico.”

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem repetindo que o sistema de voto eletrônico é o único modelo auditável porque permite verificar, a partir dos boletins impressos de cada urna, se a totalizaçã­o feita posteriorm­ente correspond­e aos votos registrado­s. •

“Primeiro, o partido está avaliando se existe alguma empresa capacitada. O segundo é o custo, que pode tornar inviável a contrataçã­o.”

Tarcísio Vieira

Advogado do PL

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