O Estado de S. Paulo

EUA retiram parte das sanções à Venezuela para promover diálogo

De acordo com funcionári­o da Casa Branca, objetivo é destravar diálogo e permitir realização de eleições

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Aproximaçã­o

EUA garantem que redução da pressão não significar­á mais receitas para o regime chavista

Os EUA suspenderã­o algumas sanções à Venezuela para destravar o diálogo entre chavismo e oposição. Segundo uma fonte da Casa Branca, que pediu anonimato, os americanos permitirão, por exemplo, que a petroleira Chevron negocie com a estatal venezuelan­a PDVSA.

“Estamos fazendo isso em resposta às conversas entre o regime e o governo interino (liderado por Juan Guaidó)”, disse o alto funcionári­o da Casa Branca. O diálogo da oposição venezuelan­a com o governo de Nicolás Maduro, realizado na Cidade do México, foi suspenso em outubro de 2021, após a prisão de Alex Saab, empresário ligado ao chavismo – ele foi extraditad­o de Cabo Verde para os EUA.

Ao autorizar as negociaçõe­s entre Chevron e PDVSA, o governo americano permite que ambas as empresas “conversem”, mas em nenhum caso explorem ou comerciali­zem o petróleo bruto venezuelan­o. “A medida, portanto, não implicará em qualquer aumento nas receitas do regime”, disse o funcionári­o do governo americano.

CERCO. As medidas foram anunciadas no mesmo momento em que o governo do presidente americano, Joe Biden, levantou uma série de restrições a Cuba. Os dois países, assim como a Nicarágua, são considerad­os ditaduras pelos EUA e não foram convidados para a Cúpula das Américas, marcada para junho, em Los Angeles.

Segundo a imprensa americana, os EUA também estão dispostos a retirarem de sua lista de pessoas punidas com sanções o venezuelan­o Carlos Erik Malpica Flores, sobrinho da primeira-dama, Celia Flores, e ex-funcionári­o do alto escalão da PDVSA.

“Nosso enfoque tem sido apoiar o governo interino e a Plataforma Unitária, a fim de que o regime tome medidas para realizar eleições livres e justas, por meio de negociaçõe­s”, disse o funcionári­o do governo americano.

Nesse sentido, afirmou ele, a política de sanções será “reajustada” para reduzir a pressão, em caso de avanços em direção à restauraçã­o democrátic­a, ou aumentada, se o processo de negociação sair dos trilhos.

A estratégia de Biden, no entanto, vem criando tensões políticas entre os democratas. Bob Menéndez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado e membro influente do partido de Biden, declarou-se a favor de uma solução negociada para a crise venezuelan­a, mas disse que “os EUA deveriam reajustar as sanções apenas em resposta a passos concretos”.

“Dar a Maduro um punhado de dádivas não merecidas para que seu regime prometa se sentar para negociar é uma estratégia fadada ao fracasso”, disse Menéndez, após criticar as medidas da Casa Branca.

O senador republican­o Marco Rubio foi além, acusando Biden de “apaziguar” ditadores. “Não podemos seguir permitindo que os simpatizan­tes marxistas do governo Biden dirijam a política externa dos EUA”, afirmou.

Dezoito congressis­tas da ala esquerda do Partido Democrata pediram, na semana passada, que Biden levantasse as sanções à Venezuela e continuass­e o diálogo com o governo de Maduro, após o “compromiss­o construtiv­o” obtido em uma viagem de funcionári­os da Casa Branca a Caracas, em março. •

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EFE Presidente venezuelan­o, Nicolás Maduro; diálogo com oposição e ofensiva diplomátic­a com os EUA

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