O Estado de S. Paulo

Como calcular a taxa de motorizaçã­o de um país?

No Brasil, índice passou de 24%, em 2006, para 52%, em 2021. Ou seja, dobrou em 15 anos

- MARINA OLIVEIRA

Saber a taxa de motorizaçã­o de um país é essencial para entender quantos veículos, por pessoa, existem em uma região. Assim, é possível elaborar políticas públicas e projetos de melhoria de fluidez viária. Além disso, a taxa também contribui para a avaliação de questões ambientais.

Creso de Franco Peixoto, mestre em transporte­s e professor da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, detalha como o cálculo é feito. Segundo o especialis­ta, o índice é determinad­o com base no quociente entre o total de habitantes e o total de veículos. Com isso, chega-se a uma taxa de “x pessoas, por veículo rodoviário”.

Em geral, a taxa de motorizaçã­o associa a quantidade de veículos rodoviário­s ao número de habitantes de uma mesma região, com base cronológic­a. Contudo, segundo Peixoto, o “inverso” desse número oferece um conceito que é mais fácil de ser compreendi­do por leigos: a porcentage­m de veículos por habitante.

Para explicar como calcular a taxa de motorizaçã­o, Peixoto traz dados nacionais. No Brasil de 2006, havia 188,2 milhões de habitantes para 45 milhões de veículos. Ou seja, 4,2 hab./veículo, ou 24% de taxa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) traz estatístic­as da quantidade de pessoas no País. Por sua vez, a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indica dados sobre frota. Já em 2021, eram 212,7 habitantes para 111,4 milhões de veículos: 1,91 hab./veículo, ou 52%. Portanto, em 15 anos, a taxa de motorizaçã­o dobrou.

REPENSAR PRIORIDADE­S

“Fato muito preocupant­e, indicando o erro de governante­s que queriam agradar a população dizendo que poderiam comprar seus carros. Desde 1999, estatístic­as mostram a taxa de ocupação e o uso do transporte público diminuindo, frequentem­ente. Lotam-se vias de veículos parados, exigindo a ofer ta de mais e mais faixas exclusivas para o aumento da velocidade média de percurso”, avalia o especialis­ta. Por sua vez, ao comparar o Estado de São Paulo ao Ceará, os dados de 2006 trazem que foram 7,8 hab./ veículo (13%) no CE frente a 2,72 hab./veículo, ou 37%, em SP. Em 2021, os dados foram: 2,63 hab./veículo (38%), no CE, e 1,5 hab./veículo (68%), em SP.

Assim, Peixoto explica que “quanto maiores forem a renda per capita e a força econômica do Estado, maior será a taxa. Baixa a qualidade de vida, polui mais, enquanto elogiam suas finanças. Exige repensar prioridade­s”.

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