O Estado de S. Paulo

Conservado­res colocam pressão para demissão de chefe do Tesouro

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A primeira-ministra britânica, Liz Truss, está enfrentand­o uma pressão crescente de deputados conservado­res para demitir o chanceler do Tesouro, Kwasi Kwarteng – o equivalent­e ao ministro da Economia do Reino Unido. De acordo com a imprensa local, a ameaça envolve a possibilid­ade de um motim dentro da bancada no Parlamento.

Segundo o jornal The Telegraph, muitos acusam a premiê de “loucura” por mergulhar em uma política fiscal temerária. “Estas não são circunstân­cias fora do controle do governo ou do Tesouro. Elas foram criadas lá. Essa loucura inepta não pode continuar”, disse Simon Hoare, presidente do Comitê para Assuntos da Irlanda do Norte, conservado­r que apoiou Rishi Sunak – derrotado por Truss – na eleição para líder do partido.

Muitos deputados conservado­res disseram que Kwarteng teria que renunciar para que o partido sobrevives­se à crise financeira. Eles exigem que Truss reverta seu plano de eliminar a alíquota máxima de 45% de imposto de renda – um corte de impostos de 2 bilhões de libras (R$ 11,7 bilhões) para mais de 600 mil pessoas que ganham mais de 150 mil (R$ 880 mil).

Os conservado­res dizem que as medidas foram muito mal recebidas por seus eleitores. O deputado Robert Largan expressou “sérias reservas” com relação a algumas medidas de Truss e Kwarteng. “Não acredito que cortar impostos dos mais ricos seja a decisão certa quando a margem de manobra fiscal do governo é tão limitada.”

APOIO. No entanto, o governo de Truss insistiu ontem que a primeira-ministra estava ao lado de Kwarteng. Um porta-voz do governo disse ao jornal The Guardian que os dois estão trabalhand­o para “apresentar ajustes necessária­s para o cresciment­o da economia”, que serão anunciados nas próximas semanas. Kwarteng e Truss não apareceram para acalmar os mercados. Em vez disso, eles enviaram o secretário do Tesouro, Andrew Griffith, que defendeu a tese de que “todas as principais economias” do mundo estavam experiment­ando a mesma volatilida­de em razão da guerra na Ucrânia.

O Parlamento britânico está em recesso e retorna no dia 11 de outubro. Este seria o prazo que muitos conservado­res estariam dispostos a dar para que Truss coloque ordem na casa. A pressão é maior porque pesquisas apontam uma vantagem histórica de 17 pontos porcentuai­s da oposição trabalhist­a sobre os conservado­res, caso a eleição fosse antecipada. •

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