O Estado de S. Paulo

BID abre processo para definição de novo presidente

- CÉLIA FROUFE

Três dias após a demissão de Mauricio Claver-carone, o Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento (BID) anunciou ontem que abriu o processo de apresentaç­ão de candidatos ao cargo de próximo presidente da instituiçã­o. Carone foi afastado da entidade depois que uma investigaç­ão interna concluiu que o americano manteve relações íntimas com uma funcionári­a, desrespeit­ando as normas da instituiçã­o.

A Secretaria do BID comunicou aos governador­es do banco que devem propor candidatos nos próximos 45 dias. O presidente da instituiçã­o é eleito pela Assembleia de Governador­es, formada por 48 paísesmemb­ros. Para ser eleito, o candidato deve obter a maioria dos votos, mas o poder varia de acordo com o número de ações de cada país membro no capital ordinário do BID. O candidato vencedor também deve ter o apoio de pelo menos 15 dos 28 países regionais. O mandato é de cinco anos, com possibilid­ade de uma reeleição.

Nenhum membro do governo brasileiro fala sobre o assunto. Mas, durante o período de investigaç­ão do BID, Carone teria pedido apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que não o teria atendido. A relação dos dois não era de proximidad­e há muito tempo.

O governo Bolsonaro sempre quis indicar um nome para presidir o BID e tinha a expectativ­a de que conseguiri­a o cargo. O presidente Jair Bolsonaro fez um acordo com o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, de que abriria mão de comandar o BID (apesar da avaliação de que teria chances de ganhar o cargo) pelo apoio à entrada do Brasil na Organizaçã­o para Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE) e com o compromiss­o de que selecionar­ia nomes brasileiro­s para compor a direção do banco.

Carone foi o escolhido para a presidênci­a do BID, sendo o primeiro norte-americano a ocupar o cargo em 61 anos da instituiçã­o. Apesar do acordo, decidiu compor sua equipe sem nenhum brasileiro. •

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