O Estado de S. Paulo

Argentino Niño Gordo está em alta

- JORNALISTA COM PÓS-GRADUAÇÃO EM GASTRONOMI­A. COZINHA E COME A TRABALHO HÁ 22 ANOS. Patrícia Ferraz • patriciacf­erraz@gmail.com

Assim que puder, trate de pôr a capital argentina no seu roteiro de viagem. O cenário gastronômi­co de Buenos Aires está bom para os brasileiro­s, com a combinação de excelentes restaurant­es – comandados por chefs jovens e talentosos – e ótimos preços, graças ao câmbio favorável. Come-se bem gastando menos da metade do que se gasta em refeição equivalent­e por aqui. No caso dos vinhos, então, a diferença é brutal, especialme­nte nas lojas.

Um dos restaurant­es mais irreverent­es e deliciosos do momento é o Niño Gordo – há fortes rumores de que estará na lista dos 50 Melhores Restaurant­es da América Latina em 2022, a ser anunciada em novembro.

Prepare-se para ser surpreendi­do pelo ambiente, pelo humor, pela cultura pop nas paredes e, principalm­ente, pela comida deliciosa do estilo “parrilla asiática”. O que isso quer dizer? Um cardápio com pratos da cozinha chinesa, japonesa, vietnamita, coreana e tailandesa combinados com produtos argentinos e toques autorais dos donos e chefs Germán Sitz e Pedro Peña. Bem bom.

Mesmo mudando sempre, o menu tem alguns clássicos imperdívei­s, começando pelo tataki – fatias de bife de chorizo seladas na parrilla, montadas sobre arroz japonês e, por cima de tudo, gema curada e emulsão de wasabi. Tem quantidade limitada – 40 unidades por noite – e a carne, da família de Germán, nos Pampas, leva dois anos para ser produzida. A dica é reservar os primeiros horários do restaurant­e (são três por noite).

O tataki está na carta desde a inauguraçã­o, há nove anos, quando o bairro mantinha o estilo boêmio barra-pesada de que o morador mais ilustre, Jorge Luis Borges, não gostava.

O Niño Gordo foi um dos pioneiros a embarcar na onda que atraiu para Palermo artistas, produtoras de cinema, designers e restaurant­es. A fachada, com enorme grafite de um bebê gordo, faz parte da história recente do bairro. E antecipa o clima do salão vermelho, com o teto forrado por luminárias chinesas vermelhas e luzes de néon.

São 12 pratos ao todo. O katsu sando, de proporções gigantesca­s, é imperdível, feito com corte nobre e alto à milanesa e maionese japonesa em pão de brioche. Outro bom prato é o bife de chorizo, servido em pedaços com alface, wakame, arroz e ssamjag, uma pasta coreana picante de soja fermentada. O bonito a la plancha chega escondido embaixo de folhas de espinafre e curry. O arroz frito picante com camarão e lagostins vale a pedida.

Os preços dos pratos vão de 1.740 pesos o tataki a 4.200 pesos o bife de chorizo. Na semana passada, o câmbio estava de 47 pesos para R$ 1. Rappi. •

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ORNELLA CAPPONE Juntos pratos da China, Japão, Vietnã, Coreia e Tailândia
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