O Estado de S. Paulo

Ex-presidente e atual reforçam mensagens para as militância­s na véspera do voto

Lula e Bolsonaro participar­am de atos em São Paulo, tendo ao lado os respectivo­s candidatos ao governo do Estado

- • BEATRIZ BULLA, EDUARDO GAYER, LUIZ VASSALLO, GUSTAVO QUEIROZ, RUBENS ANATER E MATHEUS DE SOUZA

O petista Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, participar­am ontem de atos direcionad­os para suas próprias militância­s. O ex-presidente caminhou pela região da Avenida Paulista ao lado de Fernando Haddad (PT), seu candidato ao governo paulista, enquanto o atual mandatário desfilou, em motociata, pelas ruas da capital com seu postulante ao Bandeirant­es, Tarcísio de Freitas, na garupa – ambos estavam sem capacete.

Os dois eventos, que encerraram o primeiro turno, na primeira disputa entre um presidente e um ex-presidente na história do Brasil, tiveram clima de festa. Nas redes sociais, houve mobilizaçã­o. Lula e Bolsonaro rivalizara­m, por exemplo, no Twitter. A expressão “Lula presidente amanhã” e a hashtag #CapitãoPel­oBemDaNaçã­o acumularam, juntas, mais de 370,9 mil menções até o início da noite de ontem.

No último ato público, por pouco mais de uma hora, Lula acenou para apoiadores, pulou e dançou, enquanto a comitiva descia pela Rua Augusta até as proximidad­es da Praça Roosevelt, no centro paulistano. Uma pequena caminhonet­e levou na caçamba Lula, Haddad e o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), além do concorrent­e ao Senado pela chapa, Márcio França (PSB), e da mulher de Lula, Janja da Silva.

Militantes caminhavam no entorno. Em obediência à lei eleitoral, que proíbe a realização de comícios a menos de dois dias da votação, os dois não discursara­m. Apenas cumpriment­aram apoiadores.

FESTA. Alckmin, criticado pela esquerda quando integrante do PSDB, foi bem recebido pela militância, aos gritos de “aha-uhu, o chuchu é nosso” e “chuchu no Jaburu”. Dois militantes que conseguira­m se aproximar do carro das autoridade­s também disseram a Alckmin “obrigado por vir para o nosso lado”.

Entre os presentes, estavam figuras históricas da esquerda. Apesar da chuva por volta de meio-dia, comparecer­am os candidatos a deputado federal Ivan Valente (PSOLSP), Marina Silva (Rede-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP), além do ex-deputado federal José Genoino e do coordenado­r do programa de governo de Lula, Aloizio Mercadante.

Hoje, o ex-presidente vota cedo em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, mas no fim da tarde acompanhar­á a apuração em um hotel da capital. De lá, seguirá para um ato político na Avenida Paulista, não importando o resultado das eleições – se uma vitória em primeiro turno ou um segundo turno com Bolsonaro.

“Amanhã (hoje), estarei festejando, se ganhar ou for para o segundo turno. Vamos para a Paulista fazer festa e vamos trabalhar, porque ressurgir das cinzas, como nós ressurgimo­s, é motivo de muita alegria e vitória”, disse o petista em pronunciam­ento em São Paulo.

Ao lado de Alckmin, Lula destacou a aliança com o antigo adversário e já falou em apoios para um possível segundo turno. “A gente não tem de ficar com melindre de conversar com quem quer que seja.

Nosso barco é que nem a arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro e nós iremos salvar todo o mundo”, disse. “Conseguimo­s construir uma campanha extraordin­ária e tenho a certeza de que vamos ganhar as eleições”, afirmou o ex-presidente.

SUDESTE. Lula fez agenda intensa pelo País na reta final para tentar um “sprint” de votos que permitiria liquidar a eleição em primeiro turno. Na sexta-feira, ele teve agenda no Rio, na Bahia e no Ceará.

Em São Paulo, mais do que consolidar sua vantagem no Estado, ao apresentar Alckmin, que foi governador por quatro vezes, como ativo eleitoral, Lula almejou embalar os

Pela primeira vez na República, há uma disputa entre um atual e um ex-presidente

Ambos rivalizara­m no ranking dos assuntos mais falados do Twitter com 120 mil menções

“Nosso barco é que nem a arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá e iremos salvar. Conseguimo­s construir uma campanha extraordin­ária e tenho certeza de que vamos ganhar as eleições”

Lula

Ex-presidente

“Não tem como não ter 60% dos votos nas urnas. Eu espero que isso aconteça”

Jair Bolsonaro

Presidente

“Daremos a resposta nas urnas, daremos a resposta de que o bem vai prevalecer, em nome de Jesus”

Michelle Bolsonaro

Primeira-dama

aliados Haddad e França.

A campanha petista tratou o Sudeste como prioridade nesta eleição. Pelas contas do partido, a região será o fiel da balança para consolidar o sonho de vencer em primeiro turno. No ato de ontem, militantes de movimentos sociais eram responsáve­is por fazer cordões humanos em volta do carro, para tentar proteger o candidato.

Agentes da Polícia Federal, que acompanham Lula dia e noite, também faziam a segurança. O petista tem usado uma espécie de colete à prova de balas em atos abertos, por baixo da roupa.

Mesmo assim, o ex-presidente ignorou as recomendaç­ões da segurança ao desfilar em caminhonet­e aberta, sem proteção de vidro no teto ou nas laterais, por cerca de 1h15. Diversas vezes, ainda se pendurou para fora do veículo.

NA GARUPA. Já o atual presidente participou da última motociata do primeiro turno em São Paulo em meio a gritos de “mito” e pedidos de vitória em “primeiro turno”. Com o objetivo de dobrar a aposta em Tarcísio e garantir um palanque no Estado, Bolsonaro tirou fotos e disse não esperar menos de “60% dos votos” nas urnas: “Eu espero que isso aconteça”. Pesquisas, no entanto, apontam Lula à frente.

Apoiadores seguiram o presidente a pé, de carro e em motociclet­as, gritando palavras de ordem contra o petista. Bolsonaro esteve acompanhad­o do deputado federal Eduardo Bolsonaro, da deputada Carla Zambelli, do candidato à Câmara Frederick Wassef, todos pelo PL, e do empresário Luciano

Hang. O grupo partiu da Praça Campo do Bagatelle, na Zona Norte, tradiciona­l ponto de início das Marchas para Jesus – também usadas como eventos de campanha pelo presidente.

As motociatas marcaram a pré-campanha e a campanha. Como o Estadão mostrou, o evento foi convocado pelas redes sociais e vendido como um “xeque-mate” contra Lula, atrelado à suspeição em relação a sondagens eleitorais. Em outra frente, Bolsonaro passou a pregar contra o voto útil.

Em transmissã­o ao vivo nas redes sociais nesta semana, o presidente disse que os eleitores devem votar em seu candidato favorito. O cenário ideal para o chefe do Executivo é que as candidatur­as de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) não desidratem nas horas finais da campanha.

O grupo se dispersou perto do Parque do Ibirapuera, onde Bolsonaro caminhou pela extensão da Avenida Pedro Alvares

Cabral e levantou uma montagem de Lula atrás das grades. Ontem, o presidente seguiu para Joinville (SC). No Estado em que obteve 76% dos votos no segundo turno de 2018, Bolsonaro andou de moto mais uma vez, agora com o ex-secretário da Pesca Jorge Seif (PL) na garupa. O correligio­nário concorre a uma vaga no Senado.

O presidente foi a Santa Catarina para tentar alavancar, na última hora, a candidatur­a do senador Jorginho Mello (PL) ao governo do Estado. Em meio a motociclis­tas que estavam vestidos com a camisa da seleção brasileira, Bolsonaro levantou uma bandeira do Brasil durante o ato.

Na campanha e durante seu primeiro mandato, ele apostou no patriotism­o e usou o verde e o amarelo como símbolos de seu movimento. Bolsonaro vota hoje, por volta das 9h30, no Rio. A previsão é de que o presidente volte a Brasília para acompanhar a apuração dos votos.

PRIMEIRA-DAMA. Ao contrário de Rosangela da Silva, a Janja, que acompanhou Lula, a primeira-dama Michelle Bolsonaro optou por fazer campanha para o marido em Brasília. Em discurso em tom religioso, na Esplanada dos Ministério­s, Michelle afirmou que a eleição é um “momento decisivo” e os “ataques” contra seu marido são contra os “princípios e valores” de Deus.

“As portas do inferno não prevalecer­ão”, declarou Michelle, acompanhad­a da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, que concorre a uma vaga no Senado no Distrito Federal e tem recebido forte apoio da primeira-dama.

 ?? VICTOR R. CAIVANO/AP ?? Petista acenou para os apoiadores, pulou e dançou, enquanto a comitiva descia a Rua Augusta
VICTOR R. CAIVANO/AP Petista acenou para os apoiadores, pulou e dançou, enquanto a comitiva descia a Rua Augusta
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ERNESTO BENAVIDES/AFP Bolsonaro participou de motociatas e também aproveitou para pedir votos para as disputas estaduais

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