O Estado de S. Paulo

Candidata mudou de posição e se tornou a ‘lacradora’ da eleição

Eleita senadora na onda bolsonaris­ta de 2018, advogada se transforma em crítica ferrenha do atual presidente

- ADRIANA FERRAZ JOÃO SCHELLER

Solução de última hora Soraya Thronicke só se tornou candidata porque o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, optou por tentar a reeleição à Câmara

Advogada, de 49 anos, foi eleita senadora por Mato Grosso do Sul em 2018 e chegou a ser vice-líder do governo Bolsonaro no Congresso

“Oseu voto não é por um candidato, o seu voto é contra a corrupção, é contra a ideologia marxista, é contra o desarmamen­to e é a nossa única chance de salvar o Brasil. É Jair ou já era”, dizia a então candidata Soraya Thronicke a poucos dias da eleição de 2018, com sinal de arminha na mão.

Apresentad­a ao eleitorado de Mato Grosso do Sul como a “senadora de Bolsonaro”, a advogada foi eleita e seguiu alinhada com o governo federal. Até que veio a pandemia. De aliada a “traíra”, como afirmam os bolsonaris­tas, Soraya viu-se candidata à Presidênci­a na última hora e, independen­temente do vencedor, a porta ficará aberta para o seu partido, o União Brasil, compor o futuro governo.

O União Brasil decidiu lançar Soraya como candidata à Presidênci­a apenas em agosto. O partido é fruto da fusão entre o PSL, legenda que elegeu Bolsonaro em 2018, e o DEM.

Destaque nos debates pelas pegadinhas e frases de efeito em confrontos com Bolsonaro, a quem chegou a chamar de “tchutchuca”, Soraya vai aos poucos colhendo os frutos de se tornar conhecida além de Mato Grosso do Sul ao mesmo tempo que desfruta do conforto de ter mais quatro anos de mandato de senadora.

PROPOSTA ÚNICA. Aos 49 anos, ela embarcou em uma campanha calcada basicament­e em uma proposta só: o imposto único, defendido há mais de 30 anos por seu candidato a vice, Marcos Cintra. Afirma que o imposto é “insonegáve­l”.

A candidata diz não ter se arrependid­o de votar e pedir votos para Bolsonaro em 2018. “Eu acreditei, eu tive esperança. Hoje, tenho decepção”, costuma afirmar. A senadora engrossava também o coro da defesa da Lava Jato e chegou a pedir, em dezembro de 2017, a volta do voto impresso.

Ao trocar Dourados por Brasília, Soraya chegou rapidament­e ao posto de vice-líder do governo no Congresso e, apesar de criticar, indicou recursos do orçamento secreto – foram R$ 95,2 milhões nos últimos três anos.

Soraya chega ao fim da campanha chamando mais atenção para sua posição diante dos adversário­s do que pelas propostas. Virou a lacradora da eleição.

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TABA BENEDICTO / ESTADÃO Soraya Thronicke defendeu o imposto único, mas apareceu pelas frases de feito

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