O Estado de S. Paulo

Falta de semicondut­ores fica menos grave

Fábricas de carros reativam turnos, e cai o número de empresas de eletrônico­s obrigadas a parar suas linhas por escassez de componente­s

- EDUARDO LAGUNA

Um ano e meio após a primeira fábrica parar no Brasil por falta de semicondut­ores, a escassez desse e de outros itens segue como principal gargalo de produção das indústrias, mas sem o impacto de antes. Enquanto as fábricas de carros reativam turnos, o número de empresas de eletrônico­s obrigadas a parar parte da produção é o menor desde que os chips começaram a faltar no mercado.

Após retomar, em setembro, os trabalhos em período integral no ABC paulista, onde tinha reduzido por dois meses jornada e salários, a Volkswagen voltará a produzir neste mês em dois turnos no Paraná. Os trabalhado­res que tiveram contratos suspensos em maio foram chamados de volta para a produção do SUV T-Cross.

Nas fábricas de aparelhos eletroelet­rônicos, como celular, notebook e TVs, só 2% pararam parcialmen­te a produção em agosto por falta de componente­s, segundo a Abinee, associação que representa o setor. Desde fevereiro de 2021, é o menor porcentual de empresas parando parte da produção.

Isso não significa que as dificuldad­es ficaram para trás. A exemplo do que fez de 15 a 23 de setembro, a Honda suspenderá novamente, nesta segunda-feira, a produção em Itirapina (SP), por 12 dias. Em Resende (RJ), a Nissan parou a produção na semana passada porque não tinha peças suficiente­s.

O levantamen­to feito pela Abinee mostra que 47% das fábricas de eletrônico­s ainda têm atrasos na produção por falta de chips. Em meados de 2021, quase metade das montadoras parou, e quatro meses atrás mais da metade das fábricas de eletrônico­s tinham a produção prejudicad­a.

DESACELERA­ÇÃO. A melhora no abastecime­nto está relacionad­a à desacelera­ção da economia global, que diminui o desequilíb­rio entre oferta e demanda, permitindo o deslocamen­to de peças ao Brasil. Após a reabertura do porto de Xangai, fechado por dois meses, a produção de veículos no Brasil também subiu e, em agosto, foi a maior em 21 meses.

No setor de eletroelet­rônicos, o estoque de insumos foi reforçado para a produção da Black Friday e do Natal. O total de fábricas com estoque abaixo do normal é o menor em dois anos. Humberto Barbato, presidente da Abinee, não vê risco de faltar produtos.

“As empresas tentam contornar o problema dos semicondut­ores com estoques maiores, mas isso significa aumento de custos, principalm­ente com os juros em alta”, diz. “A sensação é de que o pior ficou para trás do lado do abastecime­nto, mas vamos ver como o mercado vai se comportar (com o crédito mais caro).”

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FABIANO GUMA/ VOLSKSWAGE­N-18/5/2020 Volkswagen retomará a produção em dois turnos no Paraná

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