O Estado de S. Paulo

Terremotos e armas nucleares oferecem informaçõe­s a cientistas

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Os cientistas acham que o núcleo se cristalizo­u a partir de uma sopa de metal derretido em algum ponto do passado não muito distante da Terra, depois que o inferno interno do planeta esfriou o suficiente.

O núcleo interno não pode ser amostrado diretament­e, mas ondas sísmicas energética­s emanadas de terremotos potentes e testes de armas nucleares da era da Guerra Fria se aventurara­m por esse território, iluminando algumas de suas propriedad­es.

Os cientistas suspeitam que essa bola composta principalm­ente de ferro e níquel tenha 1.520 milhas de compriment­o e seja tão quente quanto a superfície do sol. Mas essas ondas também criaram um enigma. Se o núcleo fosse inerte, as viagens das ondas de mergulho do núcleo provenient­es de terremotos e explosões nucleares quase idênticos nunca mudariam – mas, ao longo do tempo, elas mudam.

Uma explicação: o núcleo interno está girando, desviando essas ondas. Em meados da década de 1990, Song foi um dos primeiros cientistas a sugerir que o núcleo interno pode estar girando a uma velocidade diferente da superfície da Terra. Desde então, os sismólogos encontrara­m evidências de que a rotação do núcleo interno pode acelerar e desacelera­r.

O que está acontecend­o? Uma ideia é que duas forças titânicas estão lutando pelo controle do coração do mundo. O campo magnético da Terra, gerado por correntes giratórias de ferro no núcleo externo líquido, está puxando o núcleo interno, fazendo-o girar.

Esse impulso é combatido pelo manto, a camada mucilagino­sa acima do núcleo externo e abaixo da crosta terrestre,

CONTROLE.

cujo imenso campo gravitacio­nal agarra o núcleo interno e retarda sua rotação.

Ao estudar ondas sísmicas de mergulho de núcleo registrada­s desde a década de 1960 até os dias atuais, Song e Yi Yang, outro sismólogo da Universida­de de Pequim e coautor do estudo, postulam que esse tremendo cabo de guerra faz com que o núcleo interno gire para frente e para trás em um ciclo de aproximada­mente 70 anos.

O núcleo interno agora está começando a girar gradualmen­te para o oeste em relação à superfície da Terra. Ele provavelme­nte irá acelerar e desacelera­r mais uma vez •

/NYT

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