O Estado de S. Paulo

Teatro Municipal vive briga entre artistas e gestores

Política Cultural Reunião nesta segunda, 30, busca resolver entraves criados pelo anúncio de testes para o Coro Lírico

- JOÃO LUIZ SAMPAIO LUCIANA MEDEIROS

Artistas dos corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo e representa­ntes da organizaçã­o social Sustenidos, responsáve­l pela gestão do equipament­o, fazem nesta segunda, 30, uma reunião em meio a desentendi­mentos causados pelo anúncio da realização de testes com os músicos do Coro Lírico Municipal.

A decisão gerou reação da classe artística, e fez a Sustenidos adiar os seus planos. O anúncio da realização de testes dos cantores do Coro Lírico foi feito no dia 16 de janeiro. Em comunicado interno, a Sustenidos informava que os artistas seriam submetidos a uma avaliação interna, com uma nota de corte. Alguns dias depois, a Sustenidos anunciou em suas redes sociais a realização de provas para a formação de um corpo de cantores que poderiam atuar no coro de forma temporária. Ouvido pelo Estadão sob condição de anonimato, um dos artistas afirmou que o maestro do grupo, Mário Záccaro, não foi consultado a respeito dessa decisão de fazer as provas.

RISCO DE DEMISSÕES. No início da semana, a Associação dos Músicos Instrument­istas do Theatro Municipal de São Paulo emitiu um comunicado no qual acusava a Sustenidos de, por meio das provas e da abertura de contrataçã­o de músicos temporário­s, querer promover uma demissão em massa entre os artistas dos corpos estáveis.

A reação da classe artística nas redes sociais uniu nomes importante­s do cenário lírico, como Paulo Szot, Fernando Portari, Julianna Santos, Martin Muehle, Gabriela Pace, Eric Herrero (diretor artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro) e Emmanuele Baldini, spalla da Osesp e regente titular da Orquestra Sinfônica do Conservató­rio de Tatuí, que também é gerido pela Sustenidos.

Em seguida, a soprano Eiko Senda, que faria parte do júri dos testes, comunicou a decisão de não mais participar das avaliações. À reportagem, os regentes Luiz Fernando Malheiro e Priscila Bomfim confirmara­m que já haviam se recusado a participar inicialmen­te, quando procurados pela Sustenidos antes do anúncio dos testes.

No dia 26, a Sustenidos decidiu suspender as avaliações. Em comunicado, a entidade afirmou que jamais pretendeu diminuir o número dos artistas do coro e que, no caso de demissões provocadas pelo teste, outras pessoas seriam contratada­s. “Em nenhuma hipótese esta ação teve o intuito de substituir os músicos e artistas contratado­s em regime CLT por músicos temporário­s”, diz a nota publicada no site do teatro. •

Recuo No dia 26 a Sustenidos decidiu suspender as avaliações e avisou que não reduziria a equipe

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