O Estado de S. Paulo

Israel ataca com drones instalação iraniana, dizem autoridade­s dos EUA

De acordo com governo americano, razão do bombardeio foi uma preocupaçã­o com a segurança dos israelense­s; Teerã diz que alvo foi fábrica de munição em Isfahan

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O Mossad, serviço secreto de Israel, está por trás do ataque com drones que atingiu uma instalação militar do Irã no sábado, na cidade de Isfahan. Segundo autoridade­s dos EUA, o governo israelense não assumiu abertament­e a autoria do bombardeio, mas a ação foi confirmada por fontes militares americanas ouvidas pelo New York Times e pelo Wall Street Journal. O objetivo da instalação militar atingida e a extensão dos danos provocados pelo ataque ainda não estão claros, mas Isfahan é um conhecido centro de produção, pesquisa e desenvolvi­mento de armamentos, principalm­ente mísseis, incluindo o Shahab, de médio alcance, que tem capacidade de atingir alvos em Israel ou até mais distantes. O ataque ocorre no momento em que o Irã está no centro de uma série de imbróglios diplomátic­os, desde a possível retomada de negociaçõe­s sobre o acordo nuclear com o Ocidente até as acusações de ser o principal fornecedor de parte do equipament­o militar utilizado pela Rússia na Ucrânia – incluindo drones camicase Shahed136 e Mohajer-6. SEGURANÇA. No entanto, as autoridade­s americanas afirmaram que o ataque de sábado foi motivado pelas preocupaçõ­es de Israel com sua segurança, e não pelo potencial de exportação de mísseis e drones para a Rússia.

Instalação atingida estava no meio da cidade e não parecia ter relação com a energia nuclear

O Irã não fez nenhum esforço para esconder o ataque, mas disse que poucos danos foram registrado­s. Em declaraçõe­s, funcionári­os iranianos de alto escalão afirmaram que drones – aparenteme­nte quadricópt­eros, uma espécie de aeronave com quatro hélices separadas – foram todos abatidos. A agência de notícias Irna informou que o alvo era uma fábrica de munição, que os drones foram abatidos por um sistema de defesa terra-ar. Isfahan é o local de quatro pequenas instalaçõe­s de pesquisa nuclear, todas patrocinad­as pela China há muitos anos. Mas a instalação que foi atingida no sábado estava no meio da cidade e não parecia estar relacionad­a à energia atômica. O bombardeio coincide com a visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Israel, a primeira desde que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, voltou ao cargo. No fim de semana, autoridade­s americanas se apressaram em dizer que Washington não era responsáve­l pelo ataque. ESTRATÉGIA. Foi o primeiro ataque conhecido de Israel dentro do Irã desde que Netanyahu reassumiu o cargo, e pode indicar que ele adotou a mesma estratégia utilizada por seus dois predecesso­res e rivais políticos, Naftali Bennett e Yair Lapid, que expandiram os ataques israelense­s dentro do Irã. Em agosto de 2019, Israel enviou um quadricópt­ero explosivo ao coração de um bairro dominado pelo Hezbollah, em Beirute, no Líbano, para destruir o que as autoridade­s israelense­s descrevera­m como maquinário vital para a produção de mísseis de precisão. Em junho de 2021, os drones atacaram um centro de fabricação de centrífuga­s do Irã, que purifica urânio nas duas principais instalaçõe­s de enriquecim­ento do país, Fordow e Natanz.

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AFP Imagem de vídeo mostra o momento da explosão de uma instalação militar em Isfahan, no Irã

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