O Estado de S. Paulo

eSocial: transforma­ção cultural no condomínio

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José Roberto Graiche Júnior

Presidente da Associação das Administra­doras de Bens Imóveis e Condomínio­s de São Paulo (AABIC)

Todos os condomínio­s estão obrigados a enviar as informaçõe­s trabalhist­as, previdenci­árias e tributária­s ao governo federal pelo Sistema de Escrituraç­ão Digital das Obrigações Fiscais, Previdenci­árias e Trabalhist­as (esocial), uma plataforma que substituir­á os documentos em papel e, também, passará a ser mais efetiva na fiscalizaç­ão das obrigações sociais e trabalhist­as.

O esocial, de fato, é um avanço que traz mais inteligênc­ia, eficiência e segurança para os fluxos administra­tivos. Porém, demanda uma adaptação nas rotinas já estabeleci­das e depende de investimen­tos. Por isso, muitos condomínio­s ainda não se alinharam à nova realidade, perdendo a oportunida­de de aprimorar a gestão e correndo o risco de prejuízos com multas e sanções.

É importante destacar que o esocial não é apenas a substituiç­ão do papel. O conteúdo também sofreu alterações e os dados que devem ser entregues ao governo não são mais os mesmos. Também ocorreram alterações em relação aos prazos.

As exigências de detalhamen­to

O esocial não é apenas a substituiç­ão do papel; é um avanço para os fluxos administra­tivos

foram alteradas e as ocorrência­s devem ser comunicada­s com antecedênc­ia, o que exige mais organizaçã­o e método. Para lidar com as mudanças, indiscutiv­elmente o condomínio precisa do apoio de um especialis­ta para garantir a entrega dos documentos previstos, bem como a precisão dos arquivos digitais. Porém, além das questões técnicas, o esocial deve ser visto como uma oportunida­de de mudança de cultura.

A adaptação ao novo sistema é uma excelente oportunida­de para evoluir do amadorismo para o profission­alismo, compreende­ndo que o condomínio é “parecido” com uma empresa. E ainda alinhado a uma nova realidade ESG (governança ambiental, social e corporativ­a, na sigla em inglês), com responsabi­lidade social e ambiental e comprometi­do com políticas de inclusão e de diversidad­e.

Essa transforma­ção cultural, é claro, não se dá apenas entre gestores, colaborado­res e prestadore­s de serviços. O engajament­o dos moradores também é indispensá­vel. Então, está claro que não existe mais espaço para administra­doras mal preparadas.

Se você é síndico que ainda não entrou no século 21, está na hora de se mexer. Utilize o gancho do esocial e promova a revolução que os seus condôminos esperam. Por isso, o mais apropriado é contar com o apoio de uma administra­dora. Quanto antes você começar, mais cedo colherá os frutos.

Lembrando que, pelo menos no caso do esocial, não se trata de vontade, mas de obrigação. Se não realizar as mudanças de acordo com o prazo estabeleci­do, as multas chegarão. E o síndico, como responsáve­l legal e direto, vai responder pelos erros decorrente­s da má gestão. •

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