Haddad diz a empresários que governo fará reformas com ‘alta intensidade’
À direção da Fiesp, ministro da Fazenda afirma que Legislativo está receptivo às propostas costuradas pelo Executivo
Durante participação em reunião da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que as reformas terão “alta intensidade” no novo governo e que ele enxerga receptividade tanto na Câmara quanto no Senado em relação à agenda do Executivo. “Não vejo intenção de postergar aquilo que precisa ser discutido”, disse o ministro, que tem sido pressionado pelos empresários a adotar medidas de cortes de gastos e de desoneração de impostos.
Especificamente em relação à reforma tributária, disse que a ideia “é copiar o que deu certo” em outros países e, numa crítica a seu antecessor, acrescentou que a mudança na estrutura dos impostos não prosperou antes porque a estratégia do governo Bolsonaro foi propor a volta de tributo nos moldes da antiga CPMF para compensar a desoneração da folha de pagamentos. “Não houve vontade política de aprovar a reforma tributária. Havia entendimento na Câmara e no Senado de que a reforma estava no caminho certo”, disse Haddad.
Sem dar detalhes, Haddad afirmou ainda que o governo vai “desengavetar” iniciativas de democratização do crédito apresenadas pelo Banco Central (BC), e que ficaram paradas no governo anterior.
Segundo ele, o assunto já foi discutido com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O objetivo, acrescentou ele, é encaminhar esses projetos até março para a Casa Civil. “A notícia que recebi é de que várias iniciativas ficaram pelo caminho por questões formais”, declarou Haddad, ao falar das medidas na Fiesp.
“A Selic é uma trava para todos nós, e para a democratização do crédito, mas sabemos do potencial que isso teria na economia brasileira”, disse.
‘ACORDO DE PAZ’. O presidente da Fiesp, Josué Gomes, aproveitou a reunião da diretoria para estender a bandeira branca na federação. Ele convidou o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf, líder da oposição na entidade, para compor a mesa que recebeu o ministro da Fazenda. Na semana passada, os dois selaram um acordo de paz que encerrou a crise na entidade patronal – e que envolveu uma tentativa de destituição de Josué.
O discurso de abertura de Josué repetiu ao ministro as queixas do setor aos juros altos, “a maior taxa real do mundo”, e à pesada carga tributária, que reduz a disponibilidade de recursos para investimentos. Segundo Josué, a indústria de transformação deixou de ser a locomotiva do PIB brasileiro, condição que ostentava até a década de 1980, por conta das condições “inóspitas” para o setor – responsável, lembrou ele, por 30% do total de tributos recolhidos no País. •
“Não vejo intenção de postergar aquilo que precisa ser discutido” Fernando Haddad
Ministro da Fazenda