Supermercado ‘para empregar a família’ chega a 12 mil funcionários
Savegnago, 15.ª maior rede do País, se expande pelo interior paulista e planeja abrir até 2026 mais 25 lojas também com a marca Paulistão
Quase 50 anos atrás o descendente de italianos Aparecido Savegnago, que morreu há 16 anos e fundou a rede de supermercados que leva o seu sobrenome, percebeu que o negócio estava com os dias contados. Ele comprava arroz com casca, beneficiava e entregava a pequenos mercadinhos que vendiam o grão “na concha”. Na época, o arroz agulhinha começava a vir limpo e empacotado do Sul, onde estavam as grandes indústrias cerealistas.
Preocupado com fim do negócio e como poderia encontrar outro no qual toda família pudesse trabalhar junta, decidiu comprar uma loja de 300 metros quadrados, em Sertãozinho, no interior de São Paulo.
Era o começo do que hoje é a maior rede de supermercados do interior paulista e a 15 .ª do País, em faturamento, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Um negócio que nasceu para garantir trabalho aos filhos e descendentes atualmente tem 12 mil empregados, faturou no ano passado R$ 5,5 bilhões, com 60 lojas.
Os planos da companhia são arrojados. Até 2026, a varejista quer vender R$ 10 bilhões por ano, ter 85 lojas, das quais 68 com a bandeira Savegnago, de supermercados, e 17 com a marca Paulistão, de atacarejo, que hoje tem apenas uma unidade. Os 12 mil funcionários devem pular para 15,5 mil em quatro anos.
PLANEJAMENTO. Muito diferente do início, quando a expansão se deu em razão das oportunidades que foram surgindo, agora cada passo dado pela companhia é calculado.
“Hoje faço tudo com planejamento: pesquiso a praça onde vou entrar, faço orçamento, não posso ser irresponsável de tomar uma atitude e esse povo todo perder o emprego”, afirma Chalim Savegnago, filho do fundador e presidente executivo da rede. Ele disse que não imaginava em 1976, quando a empresa começou, que chegaria a ter 60 lojas.
Chalim, hoje com 63 anos, foi emancipado pelo pai aos 17 anos para virar seu sócio no negócio, junto com o irmão. Ele estudou pouco – completou o colegial – mas afirmou que aprendeu a administrar a empresa “com a vida”.
Na verdade, o empresário põe em prática o que cursos de MBA ensinam, a peso de ouro: funcionários bem tratados fazem a diferença na empresa. “Todo mundo tem que puxar a corda para um lado só”, diz, de
forma simples, Chalim.
O comprometimento dos funcionários, diz o empresário, passa pela busca de resultados. A rede varejista distribui de 20% a 25% do lucro para os empregados. Normalmente, outras companhias não passam de 15%, afirmou.
A receita, na sua opinião, é simples para comprometer os trabalhadores. “Se você entrega para os funcionários um prêmio, você tem a recompensa, que é a dedicação e o esforço deles”, disse o empresário.
O presidente da rede cita outros dois pontos, aprendidos no dia a dia, e seguidos por ele na gestão da empresa. “Primeiro faço a coisa dar certo e, se der, com certeza vai dar dinheiro”, disse o presidente da rede de supermercados.
O outro ponto é sempre se colocar no lugar do outro e não fazer para ninguém o que você não gostaria que fizesse com você. Como exemplo, ele cita deixar um fornecedor esperando duas hora para ser atendido. “Se conduzir o dia a dia com respeito pelo ser humano, não tem jeito de dar errado”, disse o empresário.
EXPANSÃO. Chegar a cidade de São Paulo não está nos planos da líder do interior neste momento. A empresa, que começou em Sertãozinho, expandiu por etapas. Primeiro cresceu na região de Ribeirão Preto, pelas cidades vizinhas de Franca, Barretos e Bebedouro, por exemplo.
Depois a companhia foi para a região central do Estado, nos municípios de São Carlos, Araraquara, Rio Claro, Leme, Araras, Matão. Em abril de 2020, no início da pandemia, desembarcou em Campinas e cresceu para cidades ao redor, como Limeira, Piracicaba e Sumaré. No plano da companhia, antes de chegar à capital paulista, a rede tem de fincar bandeira em Jundiaí e região.
“O nosso foco é dominar o interior de São Paulo”, diz Chalim. Ele destacou que o formato de loja de atacarejo, mistura de atacado com varejo, da bandeira Paulistão, recentemente adquirida, é uma das prioridades da empresa. Tanto é que o atacarejo será responsável por quase o dobro da abertura de lojas, em relação ao formato supermercado, que estão previstas para ocorrer até 2026.
O empresário não revela quanto irá gastar na expansão da rede em quatro anos. Até hoje, a companhia cresceu reinvestindo os recursos da própria empresa e segundo Chalim, hoje não deve nada a bancos.
Familiar e de capital fechado, Chalim disse que a empresa não tem interesse em ir à Bolsa para abrir capital. Hoje muitos investidores batem à porta querendo ser sócios. “Eu precisava de sócio quando tinha uma loja só, agora eu não preciso”, afirmou. •