Candidatura de governador é uma ilusão
De seu estilo de cabelo à falta de talento, há algo muito antiquado no governador da Flórida, Ron DeSantis. Ele é mais um TBird do que um Tesla, embora até isso seja generoso, já que ele também é muito mais sedã do que cupê. Basta ver o anúncio de sua candidatura à Casa Branca.
Ele realmente tem chances de conseguir a nomeação republicana e pode até ganhar a presidência. DeSantis governa o terceiro Estado mais populoso dos EUA, foi reeleito para um segundo mandato por uma margem folgada, levantou rios de dinheiro e tem amplo reconhecimento.
RENOVAÇÃO. A questão é: os republicanos querem mesmo uma alternativa a Donald Trump? Dizem que o ex-presidente, em algum momento, tropeçará em seus problemas legais. Mas ele já foi indiciado por abuso sexual, condenado por difamação e seus aliados sabem que ele está enrolado com a Justiça em outros casos.
O ex-presidente parece sobreviver, alegando ser um mártir. Além disso, os republicanos não estão convencidos de que DeSantis seja um candidato viável. Recentemente, o governador vacilou várias vezes, incluindo uma briga com a Disney.
Seu argumento de ser mais elegível é prejudicado não apenas pela nova lei que restringe o aborto na Flórida, mas também pela medida que assinou para permitir o porte de armas de fogo no Estado sem licença. As bandeiras que ele defende na educação, a pena de morte e a falta de transparência do governo mostram o tanto que ele é conservador – mas afastam os moderados.
APOSTA. A campanha de DeSantis se baseia na mistura usual de vaidade exagerada, ambição incomum e esperança obstinada em políticos que buscam os escalões superiores. Mas suas propostas se baseiam na crença de que um mentiroso, narcisista e niilista como Trump não pode ganhar – e as forças da razão finalmente acabarão com seu domínio perverso. DeSantis aposta nisso sem apostar tanto. É um assunto proibido, refletindo o fato de que sua candidatura pode estar realmente condenada desde o princípio. •