O Estado de S. Paulo

Pacheco quer acelerar arcabouço no Senado, sem passar por comissões

Após vitória na Câmara ‘com placar de PEC’, Haddad e Lira apontam reforma tributária como a ‘próxima tarefa’

- • COLABOROU THAÍS BARCELLOS MARIANA CARNEIRO

Com votação concluída na Câmara ontem, a proposta de novo arcabouço fiscal deve ganhar trâmite acelerado no Senado a depender do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSDMG). O intuito do senador é levar o tema à votação diretament­e no plenário, o que agradaria ao governo. “O tema já foi suficiente­mente debatido”, diz o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado. A decisão será tomada em conjunto por líderes do governo e do PSD, partido que deve assumir a relatoria do projeto no Senado.

Apesar do entendimen­to de Pacheco, parte dos parlamenta­res defende que o tema passe por uma avaliação preliminar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), sob a relatoria do senador Omar Aziz (PSDAM), aliado do governo. Já Davi Alcolumbre (União-AP), aliado de Pacheco, defende que o tema passe também pela Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), que ele preside. “O recesso não é só no dia 15 de julho? Então temos tempo até lá”, disse Alcolumbre ao Estadão. A previsão de Aziz é de que seria possível concluir a votação até o dia 15 de junho.

BUSCA POR RECEITA.

Aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressis­tas-AL), afirmam que o deputado já entregou o prometido a Haddad, ao aprovar o arcabouço fiscal, e que o eventual aumento de arrecadaçã­o é “trabalho do governo”. Duas iniciativa­s devem servir como prova de fogo da capacidade do Palácio de gerar novas receitas nos próximos meses: a aprovação do projeto de lei que regula o mercado de apostas online e a volta do voto de desempate da Receita Federal no Carf.

A VEZ DA REFORMA.

Haddad comemorou o placar da votação e afirmou que se trata de um bom prognóstic­o para outra medida de interesse da equipe econômica: a reforma tributária. A regra fiscal foi aprovada com 372 votos favoráveis e 108 contrários, superando as projeções do governo de ter um “placar de PEC” (Proposta de Emenda à Constituiç­ão), que demanda 308 votos – como será necessário para aprovar as alterações na tributação no País. Como é uma lei complement­ar, o arcabouço precisava de 257 votos. Ontem, quatro destaques foram rejeitados, entre eles o que vetava a ampliação dos gastos em 2024 em até R$ 80 bilhões.

“O placar foi expressivo. A Câmara dos Deputados deu uma demonstraç­ão de que busca um entendimen­to para ajudar o Brasil a recuperar as taxas de cresciment­o mais expressiva­s. Isso também nos dá muita confiança de que a reforma tributária é a próxima tarefa a cumprir. O presidente Arthur Lira deixou muito claro que pretende votar a tributária na Câmara no primeiro semestre”, afirmou Haddad.

Também ontem, Lira disse que o avanço do arcabouço é o momento de o Banco Central começar a baixar a taxa básica de juros.

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