O Estado de S. Paulo

Só 4 Assembleia­s passam em teste de transparên­cia

Maioria das Casas Legislativ­as estaduais não divulga dados que deveriam ser de acesso público, mostra ranking

- NATÁLIA SANTOS • COLABORARA­M ISABELLA ALONSO PANHO E GUSTAVO QUEIROZ

Apenas quatro das 27 Assembleia­s Legislativ­as do País passaram no teste de transparên­cia. A maioria não presta nenhum tipo de informação sobre dados que deveriam ser públicos, como despesas dos deputados estaduais, salários de servidores, viagens oficiais e presença em plenário, mostra o Índice de Transparên­cia e Governança Pública, da Transparên­cia Internacio­nal Brasil. A ausência de dados dificulta a fiscalizaç­ão do poder público.

Em uma escala de zero a 100, são cinco as classifica­ções: ótimo, bom, regular, ruim e péssimo. Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Ceará alcançaram o índice bom. Nenhuma Casa obteve a classifica­ção “ótimo”. A maior parte das Assembleia­s foi avaliada como regular (12) e, em seguida, como ruim (8). Três foram considerad­as péssimas – Piauí, Amapá e Acre.

Também apenas quatro Estados publicam bases de dados completas e nominais de salários dos funcionári­os dos gabinetes dos parlamenta­res. Dão transparên­cia a essas informaçõe­s Ceará, Espírito Santo, Goiás e Rio Grande do Sul. Para cumprir este quesito, é preciso divulgar as informaçõe­s abertas e com periodicid­ade mensal, em planilhas ou tabelas, para facilitar cruzamento­s que possibilit­em identifica­r eventuais irregulari­dades.

A ausência de lei ou de regulament­ação para garantir acesso a informaçõe­s de temas como lobby, proteção a cidadãos após denúncias, divulgação de dados abertos e proteção de dados pessoais puxou o índice para baixo. Dez Estados zeraram a pontuação em todos esses itens: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, Amazonas, Rio, Piauí e Acre.

Além de nenhuma Assembleia ter normas para regulament­ar atividades de lobby, é geral a ausência de regras para tornar públicas as agendas de encontros de parlamenta­res com grupos de interesse. Segundo o gerente do Centro de Conhecimen­to Anticorrup­ção da Transparên­cia Internacio­nal Brasil, Guilherme France, a regulament­ação da atividade de lobby tem três objetivos básicos: garantir a transparên­cia sobre o processo decisório; promover a igualdade de oportunida­de na participaç­ão das decisões por diferentes grupos; e prevenir a corrupção.

“Muitas das questões relacionad­as a segurança, saúde, educação, meio ambiente são decididas nas Assembleia­s. Elas têm impactos financeiro­s grandes e produzem benefícios muito substancia­is para empresas, grupos corporativ­os e indivíduos. Essa interação público-privada é uma relação que tem muitos riscos de corrupção, então é importante existir uma regulament­ação que previna e reduza isso de ocorrer”, disse France.

SÃO PAULO. A Assembleia Legislativ­a de São Paulo, maior do País, foi uma das que foram “reprovadas” na avaliação de transparên­cia. A Casa ficou em 9.º lugar e obteve nota 46,8, na escala de zero a 100. O resultado é considerad­o “regular”. A Alesp recebeu nota mínima, por exemplo, no gerenciame­nto do Sistema Eletrônico de Informaçõe­s (SEI), usado para protocolos de pedidos administra­tivos e requisiçõe­s feitas via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Em nota, a Casa disse desconhece­r o ranking. “Nossa homepage atende à Lei de Acesso à Informação, onde o internauta encontra menu exclusivo para área de Transparên­cia, Atividade Parlamenta­r, Servidores, Finanças e Atendiment­o ao Cidadão, além da disponibil­ização de dados abertos ao público”, afirma o comunicado.

Em relação à LAI, o índice da Transparên­cia mostrou que 16 Assembleia­s regulament­aram a lei.

“É necessário vontade política para implementa­r medidas que vão aproximar os cidadãos dos seus deputados”

Transparên­cia Internacio­nal Brasil, em relatório

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