Irã testa míssil e constrói instalação nuclear em caverna profunda
Lançamento de artefato com alcance de 2 mil quilômetros ocorreu dias depois que chefe das Forças Armadas de Israel levantou possibilidade de ação contra iranianos
O Irã testou com sucesso ontem um míssil balístico com alcance de 2 mil quilômetros, segundo a mídia estatal. O lançamento ocorreu dois dias depois que o chefe das Forças Armadas de Israel levantou a possibilidade de uma “ação” contra os iranianos por causa de seu programa nuclear.
Há poucos dias, a agência Associated Press revelou que o Irã está terminando de construir, debaixo de uma montanha, no centro do país, uma instalação nuclear tão profunda que está além do alcance de qualquer arma ou bombardeio dos EUA projetados para destruir esses locais.
Segundo especialistas e imagens de satélite analisadas, o Irã está cavando túneis perto da instalação nuclear de Natanz, que sofreu repetidos ataques e sabotagem em meio ao impasse de Teerã com o Ocidente sobre seu programa nuclear.
ALVOS. O Irã, que tem um dos maiores programas de mísseis do Oriente Médio, diz que suas armas são capazes de atingir as bases de Israel e dos EUA na região. Apesar da oposição de americanos e europeus, o governo iraniano afirmou que desenvolverá ainda mais seu programa de mísseis “defensivos”.
“Nossa mensagem para os inimigos do Irã é que defenderemos o país e suas conquistas. Nossa mensagem para nossos amigos é que queremos ajudar a estabilidade regional”, disse o ministro da Defesa iraniano, Mohammadreza Ashtiani.
A TV estatal transmitiu ontem alguns segundos do que afirmou ser o lançamento de uma versão atualizada do míssil balístico Khoramshahr 4, capaz de carregar uma ogiva de 1,5 mil quilos. A agência de notícias estatal Irna disse que o míssil foi batizado de Kheibar, uma referência a um castelo judeu invadido por guerreiros muçulmanos nos primeiros dias do Islã.
AMEAÇAS. Com o Irã enriquecendo urânio perto dos níveis de produção de armas, após o colapso do acordo nuclear com as potências mundiais, a construção de túneis profundos complica os esforços do Ocidente para impedir que Teerã desenvolva uma bomba atômica.
“A conclusão de uma instalação dessas seria um pesadelo”, alertou Kelsey Davenport, diretora de política de não proliferação da Associação de Controle de Armas, de Washington.
A construção em Natanz ocorre cinco anos depois que o então presidente americano Donald Trump retirou os EUA unilateralmente do acordo nuclear com o Irã. Trump argumentou que o pacto, firmado no governo de Barack Obama, não abordava o programa de mísseis balísticos, nem seu apoio às milícias no Oriente Médio.
AVANÇO. Desde então, Irã disse que está enriquecendo urânio a 60%, embora os inspetores tenham descoberto recentemente que o país produziu partículas de urânio com 83,7% de pureza. Isso é apenas um pequeno passo para atingir o limite de 90% de urânio para armas atômicas.
Objetivos Teerã nega que esteja buscando uma bomba, mas fala abertamente sobre construir uma
Em fevereiro, inspetores internacionais estimaram que o estoque do Irã seria 10 vezes maior do que era sob o acordo da era Obama, com urânio enriquecido suficiente para permitir que Teerã produzisse “várias” bombas nucleares, segundo o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disseram que não permitirão que o Irã tenha uma arma nuclear. Teerã nega que esteja buscando uma bomba atômica, embora autoridades discutam abertamente sua capacidade de construir uma.