Rússia acerta envio de armas nucleares para Belarus
Caso transferência seja concluída, será a primeira vez desde 1991 que a Rússia terá arsenal atômico fora de seu território
O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado do presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem que Moscou já começou a enviar armas nucleares táticas para o território belarusso. O anúncio veio horas após os dois países assinarem um pacto para guardar os artefatos em uma base.
No anúncio feito em Moscou, Lukashenko não informou se alguma das armas já chegou ao país. Não se sabe se existe um cronograma para a transferência, nem quantas seriam transportadas. A instalação para armazená-las estaria pronta em 1.º de julho, de acordo com afirmações de Putin.
Se confirmada a informação, será a primeira vez que armas nucleares da Rússia serão armazenadas fora de suas fronteiras desde o colapso da União Soviética, em 1991. O primeiro sinal de que o envio poderia acontecer veio ainda em março, quando Putin anunciou que mandaria para Belarus um número não especificado de armas.
A ameaça de armas nucleares tem sido utilizada por Putin desde que ele ordenou a invasão na Ucrânia, em fevereiro do ano passado. Autoridades dos EUA afirmam que não viram nenhum esforço do país até então para mover ou empregar suas armas nucleares, mas as preocupações permanecem.
Segundo avaliação do New York Times, a transferência em si não afeta a ameaça nuclear já existente, porque essas armas podem atingir territórios ao redor mesmo estando na Rússia. Por outro lado, segundo o analista militar Aliaksandr Alesin, uma vez em Belarus, elas seriam capazes de atingir Ucrânia, Polônia, os países bálticos e partes da Alemanha.
ARSENAL. O governo dos EUA acredita que a Rússia possua cerca de 2 mil armas nucleares táticas, incluindo bombas que podem ser transportadas por aeronaves, ogivas para mísseis de curto alcance e projéteis de artilharia.
As armas nucleares táticas se destinam a destruir tropas e armas inimigas no campo de batalha, mas têm alcance curto e poder de destruição menor que ogivas nucleares instaladas em mísseis estratégicos de longo alcance, capazes de destruir cidades inteiras.
Putin argumentou que, ao implantar suas armas nucleares táticas em Belarus, a Rússia segue o exemplo dos EUA, observando que os americanos têm armas nucleares em bases na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia.