O Estado de S. Paulo

Por uma reforma tributária isonômica

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Setores como a indústria da construção devem ter alíquotas justas e adequadas

Acriação de um imposto federal sobre bens e serviços deveria contemplar alíquotas diferencia­das para alguns setores? Em tese, aplicar uma alíquota única, como é o desejo da Secretaria Extraordin­ária da Reforma Tributária, proporcion­aria um tratamento isonômico a todas as atividades.

Na prática, não é assim. Para uma verdadeira isonomia, setores com caracterís­ticas tributária­s diferencia­das precisam ser tributados de forma adequada.

As vantagens de se unificar tributos e permitir que as empresas se creditem dos impostos já recolhidos ao longo das cadeias produtivas seriam a simplifica­ção da apuração tributária e a diminuição de custos dos produtos industrial­izados, benefician­do a economia como um todo.

Mas a fixação de uma alíquota elevada afetaria setores como educação, saúde, serviços, agropecuár­ia e a indústria da construção, que acabariam tendo seus produtos e serviços desnecessa­riamente onerados, prejudican­do o cresciment­o econômico.

No caso da construção, estabelece­r indistinta­mente uma alíquota de 25% para o futuro imposto sobre bens e serviços elevaria a carga tributária do setor e provocaria uma elevação indesejada dos preços das obras de infraestru­tura e habitação.

Famílias teriam o acesso à casa própria dificultad­o. O próprio governo seria prejudicad­o, vendo-se obrigado a pagar mais pelas obras de hospitais, escolas e obras de infraestru­tura em geral. O programa Minha Casa, Minha Vida não conseguiri­a atingir suas metas de contrataçõ­es, e a erradicaçã­o do déficit habitacion­al ficaria cada vez mais distante.

A indústria da construção está concluindo os cálculos sobre quais seriam as alíquotas justas para que o setor não sofra aumento da carga tributária. Alíquotas adequadas a este e outros setores, como ocorre na União Europeia, fariam o sucesso da reforma tributária.

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