Cobrança por corte de despesas é ‘injusta’, afirma presidente do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que a cobrança dos economistas por corte de gastos no novo arcabouço fiscal é “um pouco injusta”, considerando a dificuldade que o País tem de reduzir despesas.
O arcabouço fiscal foi aprovado na Câmara esta semana, com “votação estrondosa” segundo Campos Neto, mas parte do mercado financeiro avalia que as regras de controle de gastos ainda ficaram frouxas, especialmente no primeiro ano de vigência.
“Tema fiscal é superdifícil, porque o Brasil não tem um histórico de conseguir controlar gastos. Nem nesse governo nem no outro governo nem em nenhum governo. Tivemos fases melhores e piores, mas, quando olhamos um intervalo de 30 anos, o Brasil teve dificuldade”, disse o presidente do Banco Central, em entrevista à GloboNews.
“Temos um plano fiscal, existe uma ansiedade de economistas de cobrar grande corte de despesas, que às vezes é um pouco injusto, porque isso nunca foi feito, ainda mais em um governo que tem opiniões diferentes”, afirmou.
Campos Neto ainda disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é a sua principal interlocução com o governo, mas que também conversa com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e com Gabriel Galípolo, número 2 da Fazenda e indicado à diretoria de Política Monetária do BC. Sobre Haddad, disse que é uma pessoa fácil de conversar. “Temos bom relacionamento.”
Segundo o presidente do BC, há harmonia entre a política fiscal e a monetária, mas os tempos são diferentes e isso precisa ficar claro.