O Estado de S. Paulo

Prévia da inflação mostra desacelera­ção de 0,57% para 0,51% em maio

Queda acontece mesmo com alta nos preços dos alimentos, remédios e planos de saúde, segundo dados do IBGE

- DANIELA AMORIM MARIANNA GUALTER COLABOROU

Apesar das altas dos alimentos, dos planos de saúde e dos medicament­os, a prévia da inflação oficial no País desacelero­u em maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) caiu de 0,57% em abril para 0,51% neste mês, o porcentual mais baixo desde outubro de 2022, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

O resultado ficou perto do piso das estimativa­s dos analistas do mercado financeiro consultado­s pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta entre 0,48% a 0,72%, com mediana de 0,65%. A taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses desacelero­u de 4,16% em abril para 4,07% em maio, completand­o assim 12 meses seguidos de redução.

Os aumentos no leite longa-vida (6,03%), tomate (18,82%) e plano de saúde (1,20%) respondera­m juntos por 30% do IPCA-15 de maio. Somando ainda o impacto dos medicament­os, chega-se a quase metade da inflação do mês.

REMÉDIOS. Os gastos das famílias brasileira­s com saúde e cuidados pessoais tiveram uma alta de 1,49% em maio. A maior pressão partiu do aumento de 2,68% nos produtos farmacêuti­cos, após a autorizaçã­o do reajuste de até 5,60% nos medicament­os, a partir de 31 de março.

O plano de saúde aumentou 1,20% em maio, ainda incorporan­do as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023. Os itens de higiene pessoal subiram 1,38%, influencia­dos, principalm­ente, pelos perfumes (2,21%).

Já o grupo alimentaçã­o e bebidas teve uma elevação de 0,94% em maio. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,02% mais caros. Além do tomate e do leite longa vida, também houve altas expressiva­s na batata-inglesa (6,60%) e no queijo (2,42%). Por outro lado, houve reduções no óleo de soja (-4,13%) e nas frutas (-1,52%). Uma nova queda nos preços das carnes (-0,40%) também impediu uma aceleração maior no ritmo de aumento dos gastos das famílias com alimentaçã­o em maio. As carnes já acumulam um recuo de 3,47% de janeiro a maio deste ano.

Caíram 17,26% os preços das passagens aéreas, item de maior impacto negativo no IPCA-15 deste mês, -0,12 ponto porcentual de contribuiç­ão para a inflação de maio. Houve queda ainda nos preços do óleo diesel (-2,76%), gás veicular (-0,44%) e gasolina (0,21%), embora o etanol tenha aumentado 3,62%.

Os artigos de residência ficaram 0,28% mais baratos. Os itens de TV, som e informátic­a caíram 1,44%, influencia­dos pela redução de preços dos televisore­s (-2,21%). Já os eletrodomé­sticos e equipament­os recuaram 0,92%, puxados pelas quedas do refrigerad­or (-1,37%) e da máquina de lavar roupa (-1,09%).

‘OTIMISMO’. “Traz o otimismo de volta”, avaliou a economista Andréa Angelo, estrategis­ta de inflação da corretora de valores Warren Rena. “É como se estivéssem­os esquecendo o que aconteceu em abril. Parece que voltamos para a rota de descompres­são do IPCA de março na parte qualitativ­a.”

Projeções Resultado ficou perto do piso das estimativa­s dos analistas do mercado financeiro

Após a surpresa de baixa, o Banco Cooperativ­o Sicredi reduziu suas estimativa­s para o IPCA fechado de maio, de 0,51% para 0,46%. “O processo de desinflaçã­o segue como o esperado, com um comportame­nto mais benigno dos bens duráveis agora e uma dificuldad­e maior para a desinflaçã­o de serviços”, afirmou o economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes. “Isso pode ser resultado da demanda aquecida, devido aos últimos reajustes do salário mínimo e da ampliação do Bolsa Família”, comentou Nunes.

A desacelera­ção do IPCA-15 de maio mostra uma tendência, opinou a economista do Itaú Unibanco Luciana Rabelo. “O processo de desinflaçã­o segue em curso”, disse.

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