O Estado de S. Paulo

Parecer do TCU pode frustrar plano do governo para aeroportos

- AMANDA PUPO

Um parecer técnico da Unidade de Auditoria Especializ­ada em Infraestru­tura Rodoviária e de Aviação Civil do Tribunal de Contas da União (TCU) pode frustrar o objetivo do governo de encerrar processos de relicitaçã­o e manter as atuais concession­árias na operação de ativos como os aeroportos do Galeão (RJ) e de Viracopos (SP). Documento emitido pelo órgão na quarta-feira diz que, uma vez iniciado o processo, a administra­ção precisa prosseguir com o certame. A opinião técnica precisa, ainda, ser aprovada no plenário da Corte.

No último dia 11, os ministério­s de Transporte­s e de Portos e Aeroportos apresentar­am uma consulta ao TCU sobre a possibilid­ade de o governo desfazer um processo de relicitaçã­o em andamento. No ofício, os ministros Renan Filho e Márcio França afirmaram que não visualizam vedação legal que impeça a União de rever a gestão do ativo concedido, mas pediam também uma manifestaç­ão do tribunal sobre o assunto, já que a Corte é responsáve­l por analisar casos desse tipo.

O instrument­o de relicitaçã­o é uma devolução amigável de concessões problemáti­cas, mas tem enfrentado percalços. Desde que a regulament­ação do tema foi editada, em 2019, apenas o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) foi realizado. Mas a lista é grande: seis concession­árias de rodovias e três de aeroportos entraram com pedidos de devolução, em processos que se arrastam há anos.

A situação tem frustrado o poder público e as regiões onde estão esses ativos, já que a resolução dos passivos para que a concession­ária possa sair do projeto é demorada, atrasando os leilões. Por isso, integrante­s do governo Lula avaliam que, para alguns casos, é mais interessan­te encontrar uma saída para manter o operador atual do que promover uma nova licitação. Integrante­s do governo reconhecem que, para isso

Lista Três operadores de aeroportos e seis de rodovias pediram devolução da concessão

acontecer, seria preciso alterar os termos do contrato, já que as regras em vigência se tornaram insustentá­veis para a concessão, a ponto de a operadora pedir para devolver o ativo.

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