Governo de SP vai revisar as estatísticas criminais de 2022
Segurança Pública viu divergências entre dados de abril deste ano e de abril do ano passado, divulgados pela gestão de Rodrigo Garcia
Números inconsistentes
SSP diz que dados que foram divulgados de abril de 2022 não correspondem aos boletins de ocorrência
A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) afirmou ontem ter encontrado divergências nos dados estatísticos criminais de abril deste ano ao compará-los com índices divulgados no mesmo mês do ano passado. Segundo a SSP, os números foram revisados com base nos boletins de ocorrência. “A Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da SSP identificou que parte das ocorrências de roubos e furtos de veículo em diferentes regiões do Estado foi registrada equivocadamente em outros indicadores, impactando diretamente os dados de crimes patrimoniais consolidados no período”, afirma a secretaria em comunicado.
Desta forma, será iniciado um processo de auditoria e análise dos dados criminais relativos a todos os demais meses de 2022. “De modo que os dados possam ser confirmados ou readequados, devidamente acompanhados dos respectivos registros criminais (boletins de ocorrência) que os fundamentaram e, assim, sejam devidamente implementados os mecanismos de ampliação da transparência das informações sobre segurança pública no Estado de São Paulo.”
Diante dos números inconsistentes, as análises comparativas entre os dados e os registros criminais relativos aos meses de abril de 2022 e abril de 2023 também foram aprofundadas. “Constatou-se que os dados estatísticos publicados a respeito do mês de abril de 2022 no Estado de São Paulo não correspondiam aos registros criminais (boletins de ocorrência) constantes nas bases de dados da Secretaria da Segurança Pública e, deste modo, em aparente dissonância dos termos previstos pela Resolução SSP nº 160/01” ,disse.
A SSP também afirma que apresenta os dados dos indicadores criminais relativos ao mês de abril deste ano de modo concomitante aos dados de indicadores criminais relativos ao mês de abril de 2022. “O objetivo é continuar com o processo de ampliação da transparência e de auditabilidade dos dados e informações criminais da segurança pública do Estado iniciado a partir de 1.º de janeiro de 2023, o que tem possibilitado a apresentação, desde o mês de fevereiro deste ano, da publicação não apenas dos dados estatísticos como também da oferta total e individualizada dos registros criminais (boletins de ocorrência) relativos a cada dado ou informação dos respectivos indicadores”, afirmou a Secretaria da Segurança.
CRISE DE SEGURANÇA.
Procurado, o ex-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), administrador do governo paulista na época, não se manifestou até as 20 horas de ontem. A reportagem também não conseguiu contato com o general João Camilo Pires de Campos, ex-secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, que comandou a pasta no ano passado.
Garcia assumiu o governo do Estado em 1.º de abril de 2022, um dia após João Doria deixar o cargo com a intenção de disputar as eleições presidenciais – ele desistiria da précandidatura no mês seguinte. Pouco depois de se tornar governador, Garcia teve de lidar com uma crise gerada pela comoção em torno do latrocínio que vitimou Renan Silva Loureiro, de 20 anos.
Em 20 de abril de 2022, um falso entregador de aplicativo abordou o jovem e o matou com um tiro na cabeça após roubar os celulares dele e da namorada no Jabaquara, zona sul da capital. O crime foi filmado por câmeras de segurança.
Na época, o governo anunciou a Operação Sufoco, que, entre outras medidas, dobraria o efetivo de policiais na capital – de 5 mil para 9,7 mil. Garcia disse na ocasião que a polícia atuaria com rigor. “Quem cometer crime em São Paulo vai ser preso. E bandido que reagir e levantar a arma para polícia vai sim levar bala”, afirmou o então governador durante o anúncio. •