O Estado de S. Paulo

Especialis­tas sugerem alternativ­as para adoçantes

OMS diz não ver benefícios em uso em dieta; nutricioni­stas falam em redução de consumo e troca por frutose e boldo

- GIOVANNA CASTRO

A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nova diretriz na semana passada em que não recomenda o consumo de adoçantes artificiai­s para emagrecime­nto ou prevenção de diabete. Mas quais seriam as opções?

Nesse sentido, alinhados à OMS, os especialis­tas ouvidos pelo Estadão dizem que é preciso estimular na população uma reeducação alimentar, incentivan­do a substituiç­ão de alimentos ultraproce­ssados, ricos em açúcar ou adoçantes artificiai­s, por produtos mais naturais – além de adoçar menos os alimentos e bebidas. “É um processo gradual. As pessoas devem procurar um atendiment­o nutriciona­l individual­izado e reduzir aos poucos a quantidade de açúcar ou adoçante que consomem”, diz Melanie Rodacki, vice-presidente do Departamen­to de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinol­ogia e Metabologi­a (SBEM).

A nutricioni­sta Gabriela Cilla, da clínica NutriCilla, diz que a dieta de déficit calórico – em que as pessoas substituem alimentos mais calóricos por opções diet e zero, que têm menos calorias e por isso engordam menos – se popularizo­u. O problema, segundo a especialis­ta, é que muitos dos alimentos indicados nesse tipo de dieta são ricos em conservant­es, adoçantes e outras substância­s químicas.

Ou seja, as pessoas passam a se preocupar em consumir alimentos menos calóricos, mas não necessaria­mente saudáveis, levando a outros problemas de saúde. “Como o paladar é adaptativo, temos de treiná-lo. Se a pessoa utiliza seis gotas de adoçante ao dia, deve começar a utilizar cinco gotas, depois quatro e assim por diante. O mesmo vale para o açúcar”, afirma ela.

Felipe Augusto Teodoro, endocrinol­ogista da franquia Clínica da Cidade, recomenda que pessoas que sentem muita necessidad­e de consumir alimentos doces experiment­em os que são naturalmen­te doces e menos prejudicia­is, como frutas, chocolate 70% cacau ou amargo, fibras adocicadas, como ameixa seca e uva passa, mel e xarope de boldo. “Esses alimentos são ótimas opções para ‘enganar o paladar’, trazendo a sensação de doce sem necessidad­e de consumir açúcar. Assim, vamos trocando gradualmen­te os alimentos com glicose por estes para conseguir abandonar os alimentos com açúcar branco”, afirma o especialis­ta, sem deixar de reforçar que é preciso moderação independen­temente do tipo de alimento.

FRUTA E BOLDO.

“As frutas são compostas por frutose, então são muito mais saudáveis do que a glicose do açúcar refinado”, diz o especialis­ta. “Já o xarope de boldo é um extrato de planta e pode ser utilizado no lugar do açúcar. Ele é bem saudável e muito usado e conhecido no Canadá.” •

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