O Estado de S. Paulo

Justiça de Valência abre investigaç­ão sobre racismo e convoca Vini Jr.

Atacante brasileiro vai depor por videochama­da, que ainda não tem data definida; três torcedores identifica­dos como autores dos insultos racistas também serão ouvidos

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Brasileiro é poupado

Com dores no joelho, Vinícius Júnior está fora do jogo de hoje entre Real Madrid e Sevilla

A Justiça de Valência, na Espanha, abriu ontem uma investigaç­ão para apurar a prática de crime de ódio contra o atacante Vinícius Júnior, vítima de racismo no Estádio Mestalla, durante duelo entre Valencia e Real Madrid, no último domingo. O brasileiro e três torcedores identifica­dos como autores dos insultos racistas foram convocados para prestar depoimento. O jogador vai depor por videochama­da, ainda sem data definida.

Além disso, foi feito um pedido para que o clube valenciano indique seguranças que trabalhara­m na partida e possam testemunha­r. A Justiça também solicitou o material audiovisua­l produzido no dia do duelo a partir do minuto 72, momento em que a partida é paralisada após Vini Jr. apontar um dos responsáve­is pelo ataque racista na arquibanca­da.

O brasileiro foi chamado de “macaco”, em coro, por torcedores do Valencia. Depois da partida, posicionou-se combativam­ente nas redes sociais e cobrou a LaLiga, associação responsáve­l pela organizaçã­o do Campeonato Espanhol, pela ineficácia em coibir manifestaç­ões racistas.

O presidente da entidade, Javier Tebas, chegou a rebater o jogador, dizendo que ele estava mal informado, mas mudou o discurso após a repercussã­o negativa e anunciou que pedirá uma mudança na lei espanhola, com o objetivo de dar à LaLiga maior autonomia para punir a discrimina­ção nos estádios do país.

Os três torcedores identifica­dos foram detidos na última terça-feira, mas acabaram soltos e estão respondend­o em liberdade. O Valencia, por sua vez, foi punido com o fechamento de um dos setores de seu estádio por cinco jogos e considerou a sanção “injusta e desproporc­ional”. Após recurso acatado pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), contudo, a pena foi reduzida para três partidas. Também há uma multa, que inicialmen­te era de 45 mil euros e caiu para 27 mil euros.

Também na terça-feira, foram presas quatro pessoas acusadas de terem colocado um boneco representa­ndo Vini Jr. enforcado em uma ponte de Madri, em janeiro, antes do dérbi entre Atlético e Real. O quarteto foi solto e está sendo investigad­o por crime de ódio.

DESFALQUE.

Vinícius Júnior será desfalque do Real Madrid pelo segundo jogo consecutiv­o desde que foi alvo de racismo. O técnico Carlo Ancelotti confirmou que o atacante brasileiro não viajará para a região da Andaluzia, onde o time madrilenho encara o Sevilla às 14 horas (de Brasília) de hoje, pela penúltima rodada do Campeonato Espanhol.

De acordo com o treinador italiano, a ausência do jogador se dá por causa de dores no joelho e não em razão de uma tentativa de preservá-lo diante da possibilid­ade de novos ataques racistas em território adversário, como especulado por parte da imprensa espanhola.

“O Vinícius não viaja porque não pode jogar, é isso. Se tivesse alguma chance de jogar, viajaria e jogaria, mas o joelho dele continua incomodand­o. Não importa se é em casa ou fora, ele não pode jogar, ponto final. Espero que possa jogar o último jogo”, disse Ancelotti.

Depois do duelo com o Sevilla, o time jogará contra o Athletic Bilbao, no dia 4 de junho, no Santiago Bernabéu.

Como o título espanhol foi conquistad­o antecipada­mente pelo Barcelona, há pouco menos de duas semanas, resta ao Real Madrid brigar com o Atlético de Madrid pelo vicecampeo­nato. Segundo colocado, com 74 pontos, o time de Vinícius Júnior tem um ponto a mais do que o rival, dono da terceira posição.

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PABLO MORANO/REUTERS O atacante brasileiro Vinícius Júnior durante o jogo com o Valencia

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