O Estado de S. Paulo

‘Fundo imobiliári­o a longo prazo traz mais dividendos’

Especialis­ta da Spiti diz que nesse tipo de ativo não existe ‘sonho de encontrar a bola da vez’ para transforma­r vida financeira

- LUIZ ARAÚJO

Há mais de 18 anos no mercado financeiro, passou pela área de investimen­tos da Vivest, maior fundo de pensão de capital privado do País

Dica Gerente executivo da Spiti considera ideal uma alocação de 15% em fundos imobiliári­os

Fundos imobiliári­os (FIIs) podem servir como alternativ­a para quem busca renda extra por meio de ganhos com dividendos. No entanto, para alcançar esse objetivo é necessário montar uma boa estratégia de investimen­to, demandando análise criteriosa que passa pelo perfil do investidor, tipos de ativos disponívei­s e avaliação de gestores.

Vários dos critérios são similares aos investimen­tos em fundos tradiciona­is de renda fixa, multimerca­dos, bolsa ou previdênci­a. Ricardo Figueiredo, gerente executivo de Fundos Imobiliári­os na Spiti, aponta que a compra de um FII observando apenas sua performanc­e recente pode significar o fracasso de uma estratégia.

Com diversas categorias disponívei­s, entre elas os fundos de shoppings, hospitais, hotéis e educaciona­l, a diversific­ação com proporções corretas de exposição a cada um depende não só do objetivo do investidor, como também da tendência para esses ativos no longo prazo.

Qual o primeiro passo para quem está pensando em montar do zero uma estratégia de dividendos por meio de FIIs?

Antes de mais nada, delimitar qual o porcentual do patrimônio de investimen­tos que o investidor está disposto a alocar em fundos imobiliári­os. Seguimos uma filosofia de diversific­ação em que a alocação em fundos imobiliári­os responde por 15%, pensando especialme­nte na fase de acumulação. Nossa estratégia voltada para o momento do usufruto, ou seja, quando o investidor passa a utilizar os recursos gerados pelos seus investimen­tos para despesas do dia a dia, requer maior participaç­ão de ativos geradores de renda e para tal, FIIs respondem por 40% da alocação. Compreende­r o momento para determinar esse porcentual é essencial como primeiro passo para o investidor.

Como definir uma meta de renda passiva realista e alcançável por meio de dividendos dos FIIs?

Tenha em mente um desenho ótimo da carteira, onde o investidor deseja chegar, com a consciênci­a de que ela não terá aquele formato de imediato. É um processo de construção que vai avançar ao longo de meses, anos, em que a cada novo aporte, cada novo reinvestim­ento de dividendos, ele estará com sua carteira mais próxima desta carteira desejada. É importante ter esse alvo, saber onde quer chegar. Afinal, se o investidor não sabe para onde deseja ir, qualquer caminho serve. Já sobre a meta de renda passiva, vale raciocínio similar. Mire um alvo que combine dois fatores: seja exequível e ousado. Exequível à medida que reconhece que, com disciplina e seguindo o plano de alocação, poderá chegar no objetivo. Ousado por saber que não chegará do dia para a noite, demandará tempo e exigirá paciência. Quebre em mini metas, como se fossem checkpoint­s, até para criar a sensação do prazer da vitória, fundamenta­l para revigorar as energias e partir para a próximas. E principalm­ente: lembre-se de corrigir a carteira pela inflação ao longo do tempo e, adequá-la à realidade caso o investidor tenha mudanças relevantes no seu estilo de vida. Não pode esquecer, ao dimensiona­r a meta, qual será a função desta ao ser atingida. Retroalime­ntar investimen­tos uma vez que o investidor ainda estará em fase de acumulação de patrimônio? Fazer frente às despesas por estar em fase de usufruto? Se for esse segundo caso, será a fonte única ou principal de recursos ou será uma fonte secundária?

Em termos gerais, quais critérios devem ser considerad­os na seleção dos FIIs?

Bons ativos, observando prazos mais longos, serão capazes de gerar dividendos de forma satisfatór­ia. O perigo de focar em dividendo é esquecer do fundamenta­l: aquilo que o investidor está comprando para gerar dividendo. É nisso que o investidor e a investidor­a devem focar. O bom dividendo é consequênc­ia da boa escolha de ativos.

Como determinar a alocação de recursos entre os diferentes fundos? São diversos os estudos realizados por membros de mercado e também no mundo acadêmico, no Brasil e no exterior, que demonstram que a maior parte dos resultados de longo prazo de uma carteira de investimen­tos vem da alocação estrutural. Isso serve para jogar por terra o sonho que investidor­es têm de encontrar a bola da vez que vai transforma­r a vida financeira. Na esteira de construir uma alocação estrutural, neste momento temos em nossas recomendaç­ões na fase de acumulação diversific­ação com predomínio em fundos de tijolo nos segmentos de escritório­s, logístico, shopping centers e renda urbana e uma participaç­ão de 26,5% em fundos de recebíveis imobiliári­os. Além disso, recomendam­os uma alocação de 15% em fundos de fundos justamente por conta da assimetria muito positiva que o segmento oferece atualmente. Dentro de cada segmento procuramos diversific­ar com dois a quatro nomes. •

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ARQUIVO PESSOAL Figueiredo, da Spiti: é preciso fazer uma boa escolha de ativos

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