O Estado de S. Paulo

Supremo anula condenação de quase 16 anos de Cunha

Segunda Turma decide que a competênci­a para processar o ex-presidente da Câmara é da Justiça Eleitoral

- PEPITA ORTEGA

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal anulou, por três votos a dois, uma das condenaçõe­s do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha na

Operação Lava Jato, após ver competênci­a da Justiça Eleitoral para julgar o processo. A sentença derrubada pela Corte havia imposto 15 anos e 11 meses de prisão a Cunha, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Cunha foi um dos políticos mais poderosos do País. Em 2015, quando era presidente da Câmara, autorizou a abertura do processo de impeachmen­t da então presidente Dilma Rousseff. Menos de um ano depois, em setembro de 2016, no entanto, teve o mandato cassado, acusado de mentir à CPI da Petrobras. Em outubro, foi preso na Lava Jato.

Com o reconhecim­ento da incompetên­cia da 13.ª Vara Federal de Curitiba para analisar a ação de Cunha, caberá agora à Justiça Eleitoral confirmar ou não os despachos dados no processo – inclusive a sentença condenatór­ia. O ex-deputado foi acusado pelo recebiment­o de propinas, a título de “caixa 2”, por meio de contrato de navios-sonda da Petrobras.

VOTOS. A Segunda Turma do STF analisou um recurso apresentad­o pela defesa de Cunha. O julgamento, no plenário virtual, terminou na sexta-feira. Restou vencedora a corrente divergente aberta pelo ministro Kassio Nunes Marques, que foi acompanhad­o por André Mendonça e Gilmar Mendes. Os três considerar­am a 13.ª Vara Federal de Curitiba incompeten­te para julgar o caso.

“Tais fatos dão indícios de que teria ocorrido o cometiment­o do crime de falsidade ideológica eleitoral. Assim, a competênci­a para a persecução criminal é da Justiça Eleitoral, pois esse é o Juízo competente para apreciação dos crimes comuns conexos ao crime

Entendimen­to Para Nunes Marques, Mendonça e Gilmar, cabe à Justiça Eleitoral julgar casos de caixa 2

eleitoral”, registrou Nunes Marques em seu voto.

Relator, Edson Fachin havia defendido a rejeição do recurso. Ele tinha sido acompanhad­o por Ricardo Lewandowsk­i, que depositou seu voto antes de se aposentar da Corte. •

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil