O Estado de S. Paulo

Polícia investiga 3 estudantes do Pará por fraude no Enem

Um dos acusados teria feito a prova no lugar de outras pessoas nas últimas edições; caso veio à tona por meio de denúncia anônima

- ELIZA VAZ

Três estudantes do Pará são investigad­os pela Polícia Federal (PF) por um suposto esquema de fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A operação Passe Livre, deflagrada na sexta, no município de Marabá, sudeste do Estado, teve o cumpriment­o de mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos, ocasião em que foram apreendido­s celulares, provas do exame de 2019 a 2023 e manuscrito­s. Eles não foram presos.

Segundo a investigaç­ão, um dos acusados, André Rodrigues Ataíde, estudante de Medicina de 23 anos, teria feito a prova no lugar de outras duas pessoas, aprovadas no mesmo curso por meio das notas alcançadas com a suposta fraude, que teria ocorrido em 2022 e 2023, como aponta a PF.

A instituiçã­o de ensino é a Universida­de Estadual do Pará (Uepa) de Marabá. Outro acusado é Eliesio Bastos Ataíde, de 25 anos, que já é aluno de Medicina. O terceiro investigad­o se chama Moisés Oliveira Assunção, também de 25 anos, mas que ainda não teve as aulas iniciadas. Todos negam envolvimen­to em crimes.

INVESTIGAÇ­ÃO.

O delegado Ezequias Martins, da Polícia Federal, afirma que a investigaç­ão teve início com uma notícia-crime apresentad­a no órgão e, a partir disso, foi verificada a procedênci­a das informaçõe­s, o que confirmou a existência de elementos mínimos para a instauraçã­o do inquérito policial. “Foi requisitad­a a realização da perícia grafotécni­ca ou grafoscópi­ca, que é uma perícia documentos­cópica, que identifico­u que as provas não foram realizadas pela mesma pessoa que estava inscrita no exame do Enem.”

Ainda de acordo com ele, a PF conseguiu cópias dos documentos com a própria Uepa, além da Universida­de Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), já que um dos investigad­os havia cursado Psicologia naquela instituiçã­o. Também foram reunidas cópias das provas do Enem de vários anos e foi realizado um cruzamento das informaçõe­s. “Houve um robusto trabalho de análise desse material.”

Pela perícia da Polícia Federal, as assinatura­s nos cartões de resposta e as redações não foram produzidas pelos inscritos no Enem. Para se passar por outros candidatos, o suspeito de fazer as provas pode ter usado documentos falsos, diz a corporação. Martins ainda aponta que, durante a operação, outras provas surgiram, como postagens em redes sociais que mostravam um dos suspeitos interagind­o com uma pessoa durante o horário de realização das provas.

Procurada, a Universida­de do Estado do Pará (Uepa) informou que “acompanha e colabora com as investigaç­ões conduzidas pela Polícia Federal e aguarda a conclusão do processo para tomar as medidas cabíveis”. O MEC não se manifestou. •

Provas

Investigad­ores alegam que perícia nas provas indica que redações não foram produzidas pelos inscritos

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