Segurança privada e seguros crescem com alta da criminalidade
Quase 5 mil empresas prestam serviço na área de proteção contra a violência no País; seguros de transporte somam R$ 5,3 bi
A violência no País impulsiona pelo menos dois setores: o de segurança privada e o de seguros. Há pelo menos 4.804 empresas de proteção de patrimônio e vida no País. No ano passado, essas companhias empregavam 485 mil vigilantes, segundo anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Conforme a última estimativa da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), o setor movimentou R$ 36,3 bilhões em 2021.
No segmento de seguros, um bom termômetro da preocupação das empresas com a violência, duas categorias são bastante consumidas pelas empresas: as apólices de transportes, que arrecadaram R$ 5,3 bilhões em 2023, e as empresariais, que movimentaram R$ 3,9 bilhões, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras.
COMPENSAÇÃO. As indenizações pagas, no ano passado, também foram bilionárias. As seguradoras desembolsaram R$ 2,6 bilhões em transportes e
R$ 1,7 bilhão por incidentes empresariais.
Dono de uma transportadora de combustíveis, Márcio Takao, estima gastar por ano cerca de R$ 30 mil em serviços de seguro ambiental (contra chuvas, por exemplo), de carga e do caminhão. Entram na conta o investimento em equipamentos de monitoramento em tempo real, câmeras de seguranças e outros dispositivos para conseguir trafegar com a matéria-prima que leva para abastecer os postos na região noroeste do Estado. “Pagar esse serviço custa muito caro. Às vezes, algumas empresas preferem perder um caminhão, ou dois no ano do que pagar o seguro de toda a frota”, diz.
No ano passado, a contratação de seguros patrimoniais cresceu 18,7%. “Esse movimento não é o normal. Tem a ver com o crescimento da economia, mas também da percepção de riscos que as empresas têm de sofrer com eventos climáticos ou com segurança”, afirma o presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da Federação Nacional de
Seguros Gerais (FenSeg), Jarbas Medeiros.
Segundo ele, os estabelecimentos mais visados e que mais precisam de seguro são comércios, concessionárias, estacionamentos (ambos em razão de roubos de carros), postos de gasolina, hotéis e motéis, restaurantes e até academias de ginásticas. Os roubos hoje são mais voltados a produtos e equipamentos eletrônicos. Não há muito mais casos de roubo de dinheiro, depois da digitalização dos pagamentos, que acontecem principalmente por meio de cartões e Pix.
AGRONEGÓCIO. Quanto ao seguro de cargas, esse é um custo obrigatório, pois cada caminhão, por lei, precisa ter apólice para risco de roubo e acidentes veiculares. Mas nem sempre é fácil contratar esses seguros. Se, para veículos que circulam pelas estradas do Sul e do Sudeste, rotas importantes para a indústria, há muita concorrência, não é o que acontece em algumas outras regiões fortes do agronegócio.
“Temos um grande problema no setor de grãos. A maior parte do transporte é feito por terceiros, não pelos produtores ou transportadoras. Então, o caminhão tem menos manutenção, e na alta safra acontece muito desvio de carga e apropriação indébita”, diz o vice-presidente da Comissão de Transportes
Carga
Em 2023, seguradoras do País desembolsaram R$ 2,6 bilhões em para o setor de transportes
da FenSeg, Marcos Siqueira. “No agronegócio, o risco é altíssimo.”
Por isso, segundo ele, se existem cerca de 40 seguradoras que atuam em apólices de transportes, cerca de cinco delas aceitam segurar cargas de grãos, o que encarece o serviço. “O governo precisa investir em segurança nas estradas e em infraestrutura melhor, incluindo sinal de comunicação, para os rastreadores das cargas funcionarem pelo interior. E as transportadoras precisam usar mais tecnologia”, afirma. “Os bandidos estão na frente.”