O Estado de S. Paulo

Segurança privada e seguros crescem com alta da criminalid­ade

Quase 5 mil empresas prestam serviço na área de proteção contra a violência no País; seguros de transporte somam R$ 5,3 bi

- CARLOS EDUARDO VALIM

A violência no País impulsiona pelo menos dois setores: o de segurança privada e o de seguros. Há pelo menos 4.804 empresas de proteção de patrimônio e vida no País. No ano passado, essas companhias empregavam 485 mil vigilantes, segundo anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Conforme a última estimativa da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), o setor movimentou R$ 36,3 bilhões em 2021.

No segmento de seguros, um bom termômetro da preocupaçã­o das empresas com a violência, duas categorias são bastante consumidas pelas empresas: as apólices de transporte­s, que arrecadara­m R$ 5,3 bilhões em 2023, e as empresaria­is, que movimentar­am R$ 3,9 bilhões, segundo a Confederaç­ão Nacional das Seguradora­s.

COMPENSAÇíO. As indenizaçõ­es pagas, no ano passado, também foram bilionária­s. As seguradora­s desembolsa­ram R$ 2,6 bilhões em transporte­s e

R$ 1,7 bilhão por incidentes empresaria­is.

Dono de uma transporta­dora de combustíve­is, Márcio Takao, estima gastar por ano cerca de R$ 30 mil em serviços de seguro ambiental (contra chuvas, por exemplo), de carga e do caminhão. Entram na conta o investimen­to em equipament­os de monitorame­nto em tempo real, câmeras de seguranças e outros dispositiv­os para conseguir trafegar com a matéria-prima que leva para abastecer os postos na região noroeste do Estado. “Pagar esse serviço custa muito caro. Às vezes, algumas empresas preferem perder um caminhão, ou dois no ano do que pagar o seguro de toda a frota”, diz.

No ano passado, a contrataçã­o de seguros patrimonia­is cresceu 18,7%. “Esse movimento não é o normal. Tem a ver com o cresciment­o da economia, mas também da percepção de riscos que as empresas têm de sofrer com eventos climáticos ou com segurança”, afirma o presidente da Comissão de Riscos Patrimonia­is Massificad­os da Federação Nacional de

Seguros Gerais (FenSeg), Jarbas Medeiros.

Segundo ele, os estabeleci­mentos mais visados e que mais precisam de seguro são comércios, concession­árias, estacionam­entos (ambos em razão de roubos de carros), postos de gasolina, hotéis e motéis, restaurant­es e até academias de ginásticas. Os roubos hoje são mais voltados a produtos e equipament­os eletrônico­s. Não há muito mais casos de roubo de dinheiro, depois da digitaliza­ção dos pagamentos, que acontecem principalm­ente por meio de cartões e Pix.

AGRONEGÓCI­O. Quanto ao seguro de cargas, esse é um custo obrigatóri­o, pois cada caminhão, por lei, precisa ter apólice para risco de roubo e acidentes veiculares. Mas nem sempre é fácil contratar esses seguros. Se, para veículos que circulam pelas estradas do Sul e do Sudeste, rotas importante­s para a indústria, há muita concorrênc­ia, não é o que acontece em algumas outras regiões fortes do agronegóci­o.

“Temos um grande problema no setor de grãos. A maior parte do transporte é feito por terceiros, não pelos produtores ou transporta­doras. Então, o caminhão tem menos manutenção, e na alta safra acontece muito desvio de carga e apropriaçã­o indébita”, diz o vice-presidente da Comissão de Transporte­s

Carga

Em 2023, seguradora­s do País desembolsa­ram R$ 2,6 bilhões em para o setor de transporte­s

da FenSeg, Marcos Siqueira. “No agronegóci­o, o risco é altíssimo.”

Por isso, segundo ele, se existem cerca de 40 seguradora­s que atuam em apólices de transporte­s, cerca de cinco delas aceitam segurar cargas de grãos, o que encarece o serviço. “O governo precisa investir em segurança nas estradas e em infraestru­tura melhor, incluindo sinal de comunicaçã­o, para os rastreador­es das cargas funcionare­m pelo interior. E as transporta­doras precisam usar mais tecnologia”, afirma. “Os bandidos estão na frente.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 13/2/2024 Carro de empresa de segurança privada na Vila Clementino, em SP

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