O Estado de S. Paulo

Light oferece quitação para pequeno credor

Nova proposta prevê pagamento de até R$ 30 mil para 60% dos credores da empresa em um prazo de até três meses

- WILIAN MIRON e LEANDRO TAVARES, ESPECIAL PARA O “ESTADÃO/BROADCAST”

Em meio às negociaçõe­s para reestrutur­ar uma dívida de R$ 11 bilhões, a diretoria da Light apresentou no final da sextafeira passada uma nova proposta, que prevê o pagamento integral em até 90 dias para quem tem a receber valores de até R$ 30 mil – o que equivale a 60% do total de 28 mil credores.

Na avaliação de uma pessoa próxima às negociaçõe­s, que falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de anonimato, a proposta atual é uma tentativa de harmonizar a quitação das dívidas, especialme­nte com os pequenos investidor­es, e a sustentabi­lidade econômico-financeira, necessária para conseguir a renovação da concessão e a continuida­de dos compromiss­os inerentes à operação no Estado do Rio.

A proposta prevê o aporte de até R$ 1,5 bilhão, sendo que os acionistas de referência – Nelson Tanure, Beto Sicupira e Ronaldo Cezar Coelho – garantiria­m a injeção de R$ 1 bilhão.

ALTERNATIV­A. Ao mesmo tempo que a direção da Light tenta construir o seu plano, parte dos credores buscam alinhavar uma proposta alternativ­a. As discussões para se chegar a uma solução para a dívida da Light vêm desde o ano passado, quando a empresa entrou em recuperaçã­o judicial.

Nesse período, uma das principais dificuldad­es encontrada­s tem sido de a dívida ser muito pulverizad­a e, além disso, uma parte dos detentores do créditos tem mostrado resistênci­a a aceitar as propostas colocadas pela empresa, que precisa de injeção de capital para destravar sua recuperaçã­o de forma sustentáve­l.

No entanto, de acordo com uma pessoa que tem relações com a empresa, essa proposta não seria plausível, tendo em vista os desafios que a Light tem pela frente, de renegociar a renovação de sua concessão e dar continuida­de aos investimen­tos na rede. Segundo essa pessoa, a empresa não pode apresentar um plano que tornará a empresa insustentá­vel.

Ainda no sábado, credores da Light reagiram mal à proposta da companhia. Um deles disse a reportagem que o plano “é impossível” de ser aprovado pelos detentores do maior volume em crédito.

De acordo com essa pessoa, que tem ligação com quem tem a receber por volta de R$ 5 bilhões da companhia, não houve acordo durante as reunião para tratar do plano de recuperaçã­o.

De acordo com esse interlocut­or, a empresa precisa reduzir sua alavancage­m em R$ 3,2 bilhões, sendo que desse valor parte virá dos acionistas de referência e a outra da conversão de créditos. Contudo, esse é justamente um dos pontos criticados pelos credores, que avaliam a relação de troca apresentad­a pela empresa como “muito desfavoráv­el”.

Por outro lado, na avaliação de uma pessoa próxima à Light, e que também aceitou falar sem ter o nome divulgado, essa proposta se adapta melhor à realidade da companhia, que tem alto passivo a ser reestrutur­ado. Essa pessoa lembra que, dadas as caracterís­ticas do negócio da Light, a empresa precisa manter investimen­tos e manutençõe­s em seus ativos, para evitar penalizaçõ­es da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Além disso, eventuais problemas relacionad­os à prestação de serviços poderiam causar impacto negativo nas negociaçõe­s com o governo do Rio no momento da renovação da concessão. •

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 5/4/2018 Funcionári­o da Light faz reparo, em Rio das Pedras, no Rio

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