O Estado de S. Paulo

Com pista do Ibirapuera destruída, faltam em SP locais para provas de elite

Cidade de São Paulo tem outros equipament­os que estão em boas condições, mas não totalmente aptos para receber competiçõe­s internacio­nais ou o Troféu Brasil

- RICARDO MAGATTI

A destruição da pista de atletismo do estádio Ícaro de Castro Melo, no Ibirapuera, aumentou a dificuldad­e da cidade de São Paulo para realizar competiçõe­s de atletismo. Atualmente, a capital paulista não tem pistas totalmente aptas para receber GPs internacio­nais e do Troféu Brasil, principal competição nacional, segundo a Confederaç­ão Brasileira de Atletismo (CBAt). Há equipament­os em boas condições, mas com empecilhos para sediar provas de elite.

O piso emborracha­do da pista do Ibirapuera foi removido recentemen­te pelos organizado­res do Ultimate Drift, evento de carros de corrida. Restaram fragmentos de grandes blocos de borracha amontoados. A programaçã­o dos carros foi transferid­a para outro local pelo governo do Estado de São Paulo por causa da forte repercussã­o negativa da destruição.

Além do equipament­o do Ícaro de Castro Melo, a capital paulista tem duas outras pistas com certificaç­ão classe 1 da World Athletics, entidade que comanda o atletismo, de acordo com a listagem de janeiro de 2023: a do Centro Olímpico de Treinament­o e Pesquisa (COTP) e a do Centro de Treinament­o Paralímpic­o.

O Estadão visitou essas duas pistas, além da do Ibirapuera, para checar as condições de cada uma. A do Centro Olímpico, localizada no complexo do Parque das Bicicletas, na Vila Clementino, é mantida com recursos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Inaugurada em 2010 e depois reformada em 2019 com investimen­to de R$ 4 milhões, a pista está em boas condições.

Mas o corredor de saltos está desgastado e passará por reparos que, segundo apurou o Estadão, custarão R$ 350 mil à gestão municipal. “É reparo, não reforma”, salienta o diretor do Centro Olímpico, Mario Maeda Júnior. São 400 metros de pista e oito raias.

Em 2022, a pista recebeu o

Grande Prêmio Internacio­nal Brasil de atletismo. Em julho passado, foi disputado lá o Campeonato Sul-Americano, no qual o velocista Erick Cardoso se tornou o primeiro brasileiro a correr os 100 metros abaixo de 10 segundos (fez 9s97) e passou a ser o recordista brasileiro da modalidade. Os reparos, quando executados, a deixarão apta.

Conservada e de qualidade, a pista de atletismo é uma das atrações do Centro de Treinament­o Paralímpic­o, localizado na Rodovia dos Imigrantes e inaugurado em maio de 2016. Ocorre que se trata de um espaço construído para ser usado majoritari­amente por atletas paralímpic­os, crianças e jovens com deficiênci­a. Eventualme­nte, atletas olímpicos competem na pista. Em 2023, o local recebeu 62 eventos esportivos apenas do atletismo.

O município tem outros equipament­os, como a pista do Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhado­r (Ceret), na zona leste, inaugurada no fim do ano passado, mas sem certificaç­ão máxima. Além disso, o piso é de grama sintética e a pista não pode ser usada para provas de campo.

Quando se trata de pistas aptas, o presidente da CBAt,

Wlamir Campos, diz que a pista de atletismo da Universida­de Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, tem as melhores condições para receber provas internacio­nais. Sediará em maio o Campeonato Ibero-Americano e hospedou o Troféu Brasil em 2023. Para treinos, a pista da Universida­de Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, é tida como a mais moderna.

A pressão da comunidade esportiva por causa da destruição da pista do Ibirapuera pode fazer o governo estadual viabilizar a tão esperada reforma do espaço, acredita o técnico Nélio Moura, de 60 anos, 40 deles frequentan­do o local que conhece

REFORMA É ESPERANÇA.

desde que era atleta.

“O Ibirapuera sempre foi referência. Vários atletas estrangeir­os vieram a São Paulo para treinar lá. Tinha panamenhos, peruanos, búlgaros treinando lá”, destaca Moura. “É uma história riquíssima, precisamos reconstrui­r isso para dar continuida­de a essa história.”

A pista não recebe um torneio nacional desde 2015, quando sediou o Campeonato Brasileiro mirim de atletismo. A última reforma do piso foi em maio de 2011, feita pela Recoma com o mesmo material da pista do Estádio Olímpico de Berlim, onde Usain Bolt bateu o recorde dos 100 metros rasos. A empresa calcula que a durabilida­de de uma pista seja de cinco anos, em média. A garantia é condiciona­da ao uso. Depende, portanto, da manutenção e preservaçã­o.

A Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo afirma que a recuperaçã­o do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães “é a prioridade da atual gestão”. Os planos do governador Tarcísio de Freitas (Republican­os) são outros. Ele tenta, na Justiça, reverter o tombamento do complexo. “Na minha visão pessoal, não há por que a gente ficar preso a uma arquitetur­a que já está obsoleta”, disse, recentemen­te. “Podemos fazer uma arena com porte, tamanho, da envergadur­a que São Paulo merece, muito mais moderna, para acomodar competiçõe­s.” •

Planos do governo Tarcísio de Freitas tenta, na Justiça, reverter o tombamento do complexo para modernizar o local

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Pista do Ibirapuera teve piso arrancado e precisa de reforma

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