Rússia e China vetam proposta dos EUA para trégua em Gaza
Resolução foi o primeiro pedido de cessar-fogo imediato apresentado pela diplomacia americana nas Nações Unidas
Texto refletia atual insatisfação do governo Biden com conduta de Israel na guerra
Rússia e China vetaram ontem a resolução de cessar-fogo em Gaza proposta pelos EUA no Conselho de Segurança da ONU. O texto recebeu 11 votos favoráveis e 3 contrários – além de russos e chineses, que têm poder de veto, a Argélia também votou contra.
A resolução refletia a insatisfação do governo do presidente americano, Joe Biden, com a conduta de Israel na guerra e pretendia aumentar a pressão para que o Exército israelense não ataque a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde milhões de civis estão abrigados.
Após a votação, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Greenfield, defendeu o projeto americano. “Os EUA apresentaram de boa-fé, após consultar todos os membros do Conselho de Segurança, e após várias rodadas de edições”, disse. O veto, segundo ela, aconteceu por dois motivos: a recusa de se condenar o Hamas e aprovar algo escrito pelos EUA. “Preferiam nos ver fracassar do que ver este Conselho ter sucesso”, disse.
CRÍTICAS.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, chamou a iniciativa dos EUA de “hipócrita” e com uma “formulação fraca” em relação ao cessar-fogo. “Para salvar a vida de palestinos pacíficos, isso não é suficiente”, declarou. “A proposta americana passou por várias interações e contém elementos que respondem a preocupações da comunidade internacional, mas não pede de maneira direta um cessarfogo”, declarou o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun.
Os EUA haviam vetado três resoluções anteriores que exigiam o fim dos combates em Gaza com o argumento de que as medidas poderiam atrapalhar as negociações para libertação de reféns e a defesa firme de que Israel tem o direito de se defender, após o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1,2 mortos e mais de 250 reféns.
À medida que o número de mortos cresce em Gaza, Biden sofre uma pressão interna cada vez maior em razão do apoio a Israel. Em resposta, as críticas ao governo Netanyahu têm aumentado. Mais de 32 mil pessoas já morreram no enclave, segundo as autoridades internacionais.
O pedido de um cessar-fogo “imediato” apresentado pelos EUA esta semana foi uma mudança em relação a um projeto de resolução do Conselho de Segurança que o país divulgou no mês passado, que pedia um cessar-fogo temporário “o mais rápido possível”.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que se reuniu ontem com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em Tel-Aviv, disse que um cessar-fogo imediato permitiria a libertação de reféns e um aumento na ajuda humanitária que aliviaria o sofrimento dos civis palestinos na Faixa de Gaza.