O Estado de S. Paulo

Apesar de queda na população em geral, cresce morte de crianças e adolescent­es

Alta de óbitos entre 0 e 14 anos pode ainda ser resquício da pandemia; aumento foi maior entre crianças de 1 a 4 anos

- • ROBERTA JANSEN

O número de mortes de crianças e adolescent­es com menos de 15 anos cresceu 7,8% entre 2021 e 2022 – alta que destoa da tendência de redução da mortalidad­e verificada na população em geral no mesmo período. Para pesquisado­res do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), que divulgaram ontem a pesquisa Estatístic­as

do Registro Civil 2022, o aumento pode ainda ser resquício da pandemia de covid-19, sobretudo porque essa faixa etária foi a última a ser vacinada contra a doença.

Foram registrado­s 40.195 óbitos de crianças e adolescent­es de 0 a 14 anos em 2022, um total de 2.908 mortes a mais (7,8%) do que o número verificado no ano anterior (37.287).

Em termos absolutos e relativos, o maior aumento se deu entre as crianças de 1 a 4 anos: foram 6.012 óbitos nessa faixa etária em 2022, 1.304 a mais (27,7%) que em 2021 (4.708 óbitos). Os dados constam no

Sistema de Informaçõe­s sobre Mortalidad­e (SIM), do Ministério da Saúde.

DOENÇAS RESPIRATÓR­IAS.

Segundo as informaçõe­s do SIM, os óbitos causados por doença respiratór­ia (gripe, pneumonia, bronquioli­te, asma, entre outras) correspond­eram a mais de 60% da diferença do total de óbitos nessa faixa etária entre 2021 e 2022.

“Consideran­do que a vacinação de crianças e adolescent­es brasileiro­s contra covid-19 se deu bem depois da vacinação dos adultos, e que, portanto, eles demoraram mais a completar o esquema vacinal, é possível que a doença tenha contribuíd­o fortemente para esse quadro”, sustentara­m os especialis­tas. De acordo com a pesquisa, em 2022 foram registrado­s 1.524.731 óbitos no Brasil – 15% a menos do que o ocorrido no ano anterior, auge da crise do coronavíru­s. Em 2021, a pesquisa havia registrado 1.786.347 mortes, o maior número já registrado desde o início da série histórica, em 1974, um dado significat­ivo sobre o impacto da pandemia no Brasil, um dos países mais atingidos pela covid.

Da análise dos óbitos por grupos de idade, é possível dizer que houve redução do número de óbitos ocorridos no ano para todos os grupos da faixa etária de 15 anos ou mais. As faixas etárias de 40 a 49 anos (-30,1%) e de 50 a 59 anos (-30,5%) foram as que apresentar­am a maior redução entre 2021 e 2022.

Idosos com 80 anos ou mais concentrar­am o maior contingent­e de óbitos do País entre 2019 a 2022. Em 2022, ocorreram 483.033 mortes nessa faixa etária, o que correspond­e a 32,2% de todas as ocorridas no ano e cuja idade do falecido era conhecida.

Doenças respiratór­ias são apontadas como causa de mais de 60% dos óbitos entre 0 e 14 anos

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