Apesar de queda na população em geral, cresce morte de crianças e adolescentes
Alta de óbitos entre 0 e 14 anos pode ainda ser resquício da pandemia; aumento foi maior entre crianças de 1 a 4 anos
O número de mortes de crianças e adolescentes com menos de 15 anos cresceu 7,8% entre 2021 e 2022 – alta que destoa da tendência de redução da mortalidade verificada na população em geral no mesmo período. Para pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgaram ontem a pesquisa Estatísticas
do Registro Civil 2022, o aumento pode ainda ser resquício da pandemia de covid-19, sobretudo porque essa faixa etária foi a última a ser vacinada contra a doença.
Foram registrados 40.195 óbitos de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos em 2022, um total de 2.908 mortes a mais (7,8%) do que o número verificado no ano anterior (37.287).
Em termos absolutos e relativos, o maior aumento se deu entre as crianças de 1 a 4 anos: foram 6.012 óbitos nessa faixa etária em 2022, 1.304 a mais (27,7%) que em 2021 (4.708 óbitos). Os dados constam no
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS.
Segundo as informações do SIM, os óbitos causados por doença respiratória (gripe, pneumonia, bronquiolite, asma, entre outras) corresponderam a mais de 60% da diferença do total de óbitos nessa faixa etária entre 2021 e 2022.
“Considerando que a vacinação de crianças e adolescentes brasileiros contra covid-19 se deu bem depois da vacinação dos adultos, e que, portanto, eles demoraram mais a completar o esquema vacinal, é possível que a doença tenha contribuído fortemente para esse quadro”, sustentaram os especialistas. De acordo com a pesquisa, em 2022 foram registrados 1.524.731 óbitos no Brasil – 15% a menos do que o ocorrido no ano anterior, auge da crise do coronavírus. Em 2021, a pesquisa havia registrado 1.786.347 mortes, o maior número já registrado desde o início da série histórica, em 1974, um dado significativo sobre o impacto da pandemia no Brasil, um dos países mais atingidos pela covid.
Da análise dos óbitos por grupos de idade, é possível dizer que houve redução do número de óbitos ocorridos no ano para todos os grupos da faixa etária de 15 anos ou mais. As faixas etárias de 40 a 49 anos (-30,1%) e de 50 a 59 anos (-30,5%) foram as que apresentaram a maior redução entre 2021 e 2022.
Idosos com 80 anos ou mais concentraram o maior contingente de óbitos do País entre 2019 a 2022. Em 2022, ocorreram 483.033 mortes nessa faixa etária, o que corresponde a 32,2% de todas as ocorridas no ano e cuja idade do falecido era conhecida.
Doenças respiratórias são apontadas como causa de mais de 60% dos óbitos entre 0 e 14 anos