O Estado de S. Paulo

Câmera corporal filmou só 6 de 31 mortes em ação policial

Operação Verão soma 53 óbitos de suspeitos; os 31 casos citados são apurados pelo MP; deles, 6 têm imagens completas e 7, parciais

- GONÇALO JUNIOR

De 31 ocorrência­s que resultaram em morte e estão sob a investigaç­ão do Ministério Público (MP), só 6 têm imagens completas das câmeras corporais dos policiais na Operação Verão, em curso na Baixada Santista. Em outras sete, as imagens são parciais. O órgão confirma que os policiais não usavam o equipament­o de filmagem em 12 ocorrência­s, além de cinco situações em que a bateria estava descarrega­da; um caso está pendente sobre o envio de imagens.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) ressaltou o porcentual de uso do equipament­o por parte da tropa na região. “Mais de 60% do efetivo empregado na ação utiliza as Câmeras Operaciona­is Portáteis (COPs) e as imagens captadas estão disponívei­s aos órgãos de controle, sendo fornecidas conforme requisição”, afirma.

O MP recebeu na segundafei­ra o relatório de Monitorame­nto de Violação de Direitos Humanos na Baixada Santista, feito pelas Ouvidorias de Polícia do Estado de São Paulo e Nacional de Direitos Humanos, entidades de direitos humanos e movimentos sociais.

O relatório passa a fazer parte do conjunto de investigaç­ões do MP. “Cada detalhe do que aconteceu está sendo investigad­o”, afirmou a promotora Daniela Favaro.

O uso correto das câmeras corporais é a segunda recomendaç­ão mais importante do documento, logo após o pedido para o fim imediato da operação. “O motivo de não ter a imagem pode ser porque o batalhão não tinha (câmeras) ou porque o batalhão tinha, mas não foi usado”, diz a promotora. “A investigaç­ão criminal apura o fato em si, não a ausência de câmera”, diz.

A SSP afirma que “a designação das equipes para o apoio às ações na Baixada Santista é pautada por critérios técnicos e operaciona­is, de forma a garantir o policiamen­to preventivo em todo o Estado, e não pela disponibil­idade de materiais ou equipament­os”.

53 MORTES. A Operação Verão chegou ao total de 53 mortes em cidades como Santos, Guarujá, São Vicente e Cubatão. A ação começou em dezembro, como acontece anualmente, mas foi intensific­ada no dia 2 de fevereiro, após a morte de um PM da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM.

No ano passado, a SSP já havia realizado a Operação Escudo, após a morte de outro policial da Rota, em Santos (SP). A ação resultou em 28 mortes em um período de 40 dias e foi encerrada em setembro. Ainda de acordo com o MP, 14 policiais não portavam câmeras na ação; foram sete envios integrais de imagem, além de dois envios parciais feitos pela SSP ao MP; em quatro casos, os agentes alegam o descarrega­mento da bateria. Nesta operação, o Ministério Público fez 27 requisiçõe­s de imagens. •

Policiais não usavam câmera em 12 ocorrência­s, além de 5 em que bateria estava descarrega­da Ministério Público aponta

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