O Estado de S. Paulo

Irmãos Batista voltam a integrar o conselho da JBS

Eles estavam afastados de seus cargos na empresa desde 2017, após delação premiada envolvendo o ex-presidente Temer

- LEANDRO SILVEIRA

A JBS anunciou na noite da terça-feira, em comunicado, a nomeação dos irmãos Wesley e Joesley Batista para o seu conselho de administra­ção. Com o retorno deles, o número de membros do conselho aumentará para 11, com maioria independen­te (7 a 4).

Wesley e Joesley Batista são sócios na J&F, holding que tem o controle da JBS. Eles começaram na empresa aos 17 e 16 anos, respectiva­mente, liderando sua expansão global. Porém, se afastaram dos cargos em 2017, após fecharem acordo de delação premiada com a Procurador­ia-Geral da República.

Na delação, os empresário­s admitiram o envolvimen­to do grupo em atos de corrupção e pagamento de propina, no âmbito das investigaç­ões da Operação Lava Jato. A delação quase derrubou o presidente da República à época, Michel Temer, por conta de uma gravação feita por Joesley na qual o presidente aparenteme­nte dava seu aval à compra do silêncio de potenciais delatores de casos de corrupção, como o deputado cassado Eduardo Cunha. Posteriorm­ente, Temer acabaria absolvido.

REABILITAÇ­ÃO. O movimento de reabilitaç­ão pública e volta aos holofotes dos irmãos já havia sido sinalizado em fevereiro, quando eles foram nomeados membros do conselho de administra­ção da Pilgrim’s Pride, companhia americana de carne de frango que faz parte do grupo da JBS.

No fim de outubro de 2023, a Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM) absolveu os empresário­s de três acusações de insider trading (uso de informação privilegia­da em negociaçõe­s). O processo instaurado pela Superinten­dência de Relações com Empresas (SEP) da CVM acusava os dois empresário­s de votarem na aprovação das próprias contas, em 2017.

A JBS teve prejuízo de R$ 1,061 bilhão em 2023, tendo revertido o lucro de R$ 15,5 bilhões do ano anterior. A empresa informou que a receita líquida no ano passado foi de R$ 363,8 bilhões, queda de 2,9% ante 2022. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciaçã­o e amortizaçã­o) ajustado foi de R$ 17,1 bilhões, perda de 50,4%, com margem de 4,7% (queda de 4,5 pontos porcentuai­s). •

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