Decisão reaquece rivalidade entre Palmeiras e Santos
Clubes fizeram jogos quentes, vários deles decisivos, na década passada e, mais recentemente, no início de 2021, pela Libertadores
Palmeiras e Santos decidem amanhã quem vai erguer a taça do Paulistão e ensaiam, com esta final, reacender a rivalidade que teve episódios quentes na década passada. Entre 2015 e 2017, todo clássico entre os clubes era acirrado e envolvia provocações, desentendimentos e confusões. Naquele período, foram dois títulos para cada lado. O time alvinegro ganhou o Paulistão em 2015 e 2016 e a equipe alviverde conquistou a Copa do Brasil de 2015 e o Brasileirão de 2016.
Hoje aposentados, Fernando Prass e Ricardo Oliveira foram os dois personagens centrais daqueles clássicos. Protagonistas em campo e nas confusões, era comum eles se estranharem.
“Como o D’Alessandro, o Fred, o Felipe Melo, o Ricardo Oliveira gostava de apitar o jogo. Ele tentava se impor muito perante a arbitragem e o time adversário também”, relembra o ex-goleiro, hoje comentarista dos canais ESPN, em entrevista ao Estadão. “Eu, como um dos mais experientes, tinha que ser o contraponto dele. Não podia deixar que ‘dominasse’ o ambiente do jogo.”
Prass foi decisivo para um dos títulos mais comemorados pelos palmeirenses nos últimos anos: a Copa do Brasil de 2015, a primeira taça que o Palmeiras conquistou desde que passou pelo processo de reestruturação fundamental para se tornar um dos times mais vitoriosos da atualidade.
A decisão da Copa do Brasil de nove anos atrás é lembrada até hoje pelas máscaras que os jogadores do Palmeiras usaram para ironizar Ricardo Oliveira, que havia se acostumado a comemorar seus gols com uma careta. “As provocações fazem parte do futebol. Eu virei o alvo daquela final, era o cara mais temido e isso me motivava. Futebol precisa disso”, afirma o ex-atacante, “aposentado” desde o ano passado.
Foi do então artilheiro, em 2017, o gol da única vitória do Santos sobre o Palmeiras no Allianz Parque até hoje. Ricardo Oliveira também marcou na decisão do Paulistão de 2015 e foi importante na semifinal do mesmo torneio em 2016, com vitórias sobre o Alviverde nos pênaltis nas duas ocasiões.
“Eu gostava demais de jogar contra o Palmeiras. Era um jogo muito diferente e o torcedor santista já esperava meu gol, então era sempre uma motivação a mais”, diz o ex-atacante, hoje com 44 anos.
Sobre as desavenças, segundo Prass e Ricardo Oliveira, “tudo ficou no campo”. Depois daquela sequência de clássicos quentes, eles se reencontraram em jogo do Brasileirão de 2020. O ex-goleiro defendia o Ceará e o ex-atacante, o Coritiba. “O que aconteceu antes ficou dentro de campo. São armas e estratégias que a gente usa porque o futebol vai muito além das quatro linhas”, justifica Prass.
ÁPICE. No período de 2017 até 2020, a rivalidade deu uma esfriada. Até que chegou ao seu ápice em janeiro de 2021, quando as equipes se enfrentaram na final da Libertadores. O Palmeiras venceu com gol do contestado atacante Breno Lopes nos acréscimos e ergueu o troféu. Foi a primeira taça da galeria de Abel Ferreira, que amanhã pode chegar a 10 títulos pelo clube.
Já o Santos, em processo de reestruturação financeira e esportiva depois de cair para a Série B nacional, pode ganhar seu primeiro título em oito anos. A diretoria apostou em atletas experientes, como Gil e Giuliano, manteve figuras importantes do elenco com um salário menor, caso do goleiro João Paulo, e contratou Fábio Carille, responsável por transformar uma equipe combalida em um time competitivo.
“Hoje, é consenso que o Palmeiras é um time superior, mas, se vai ser campeão, é outra questão. O Santos não é pior que o Palmeiras só pela desvantagem técnica”, opina Fernando Prass.
Na partida de amanhã no Allianz Parque, o Santos joga pelo empate após vencer na Vila Belmiro por 1 a 0.
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