O Estado de S. Paulo

Setor de saúde tem desafios e escolha de ações requer cautela

Empresas tiveram alguma dificuldad­e para manter boas margens de lucro, mas analistas apontam as que dariam retorno

- DANIEL ROCHA E-INVESTIDOR

As ações do setor de saúde costumam ser classifica­das como “defensivas” por serem de uma atividade econômica essencial para a sociedade. Essa caracterís­tica traz a ideia de que as empresas são menos suscetívei­s aos ciclos econômicos, como o varejo, e, por isso, tendem a atrair os investidor­es que buscam menos estresse na Bolsa de Valores.

A dinâmica do setor, contudo, traz desafios para o investidor encontrar um papel que ofereça boas oportunida­des de retorno. Os resultados operaciona­is das empresas no quarto trimestre de 2023, assim como o desempenho das ações que ficaram no negativo no acumulado do ano, confirmam esse cenário. Empresas como Kora Saúde, Rede D’Or, Mater Dei, Oncoclínic­as, Dasa e o Grupo Hapvida, por exemplo, apresentar­am, em algum nível, dificuldad­es operaciona­is para manter suas margens de lucro.

As particular­idades dessa área de negócios não impedem que o mercado tenha sua ação preferida, ou reconheça a evolução operaciona­l de algumas companhias que se destacam como boas oportunida­des de investimen­to.

NA PONTA. Nesse contexto, a Hapvida destaca-se. A operadora reportou um aumento de 6,7% na receita no quarto trimestre de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior. E conseguiu ainda compensar a queda de 3% no número de beneficiár­ios de seus planos de saúde com a elevação de 11% no tíquete médio dos serviços.

A redução de 3,6 pontos porcentuai­s da sinistrali­dade em 12 meses também foi bem recebida pelo mercado. As ações reagiram aos números e encerraram o pregão da última segunda-feira, o primeiro desde a divulgação do balanço, com alta de 6,49%, cotadas a R$ 3,94.

“A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciaçã­o e amortizaçã­o ajustado (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 5,9 pontos porcentuai­s ano a ano com o resultado das melhorias na sinistrali­dade e nas despesas. Esperamos que as melhorias na sinistrali­dade e nas despesas aumentem ainda mais as margens nos próximos trimestres”, disse a XP em relatório que avaliou o resultado como positivo, e manteve recomendaç­ão de compra para o papel com preço-alvo de R$ 5,70.

O Itaú BBA também avaliou como positivos os avanços operaciona­is do grupo e deu destaque para a redução em R$ 159 milhões da dívida líquida no trimestre.

ONCOCLÍNIC­AS. A Oncoclínic­as também conseguiu conquistar as atenções dos analistas e, assim como o Hapvida, recebeu três recomendaç­ões de compra das corretoras e bancos que acompanham o setor. Os aumentos de 14% no Ebitda ajustado e de 18% da receita líquida em 12 meses foram os principais destaques do balanço apontados pelos analistas.

Fernando Henrique Magalhães, analista da Levante Inside Corp, acrescenta também que a estratégia de firmar parcerias para expandir a sua presença no setor oncológico é um diferencia­l positivo da companhia por ajudá-la a manter o seu ritmo de cresciment­o.

O Itaú BBA também enxerga oportunida­des de investimen­to no papel, e estima um potencial de valorizaçã­o de 183,9% em 2024. •

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