Setor de saúde tem desafios e escolha de ações requer cautela
Empresas tiveram alguma dificuldade para manter boas margens de lucro, mas analistas apontam as que dariam retorno
As ações do setor de saúde costumam ser classificadas como “defensivas” por serem de uma atividade econômica essencial para a sociedade. Essa característica traz a ideia de que as empresas são menos suscetíveis aos ciclos econômicos, como o varejo, e, por isso, tendem a atrair os investidores que buscam menos estresse na Bolsa de Valores.
A dinâmica do setor, contudo, traz desafios para o investidor encontrar um papel que ofereça boas oportunidades de retorno. Os resultados operacionais das empresas no quarto trimestre de 2023, assim como o desempenho das ações que ficaram no negativo no acumulado do ano, confirmam esse cenário. Empresas como Kora Saúde, Rede D’Or, Mater Dei, Oncoclínicas, Dasa e o Grupo Hapvida, por exemplo, apresentaram, em algum nível, dificuldades operacionais para manter suas margens de lucro.
As particularidades dessa área de negócios não impedem que o mercado tenha sua ação preferida, ou reconheça a evolução operacional de algumas companhias que se destacam como boas oportunidades de investimento.
NA PONTA. Nesse contexto, a Hapvida destaca-se. A operadora reportou um aumento de 6,7% na receita no quarto trimestre de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior. E conseguiu ainda compensar a queda de 3% no número de beneficiários de seus planos de saúde com a elevação de 11% no tíquete médio dos serviços.
A redução de 3,6 pontos porcentuais da sinistralidade em 12 meses também foi bem recebida pelo mercado. As ações reagiram aos números e encerraram o pregão da última segunda-feira, o primeiro desde a divulgação do balanço, com alta de 6,49%, cotadas a R$ 3,94.
“A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 5,9 pontos porcentuais ano a ano com o resultado das melhorias na sinistralidade e nas despesas. Esperamos que as melhorias na sinistralidade e nas despesas aumentem ainda mais as margens nos próximos trimestres”, disse a XP em relatório que avaliou o resultado como positivo, e manteve recomendação de compra para o papel com preço-alvo de R$ 5,70.
O Itaú BBA também avaliou como positivos os avanços operacionais do grupo e deu destaque para a redução em R$ 159 milhões da dívida líquida no trimestre.
ONCOCLÍNICAS. A Oncoclínicas também conseguiu conquistar as atenções dos analistas e, assim como o Hapvida, recebeu três recomendações de compra das corretoras e bancos que acompanham o setor. Os aumentos de 14% no Ebitda ajustado e de 18% da receita líquida em 12 meses foram os principais destaques do balanço apontados pelos analistas.
Fernando Henrique Magalhães, analista da Levante Inside Corp, acrescenta também que a estratégia de firmar parcerias para expandir a sua presença no setor oncológico é um diferencial positivo da companhia por ajudá-la a manter o seu ritmo de crescimento.
O Itaú BBA também enxerga oportunidades de investimento no papel, e estima um potencial de valorização de 183,9% em 2024. •