O Estado de S. Paulo

Ex-presidente argentino tem bens bloqueados

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A Justiça da Argentina ordenou o bloqueio de bens e a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Alberto Fernández. O peronista foi acusado de desvio de verba pública. A decisão do juiz Julián Ercolini também inclui outras 32 pessoas que estão envolvidas no chamado escândalo dos seguros. Fernández foi acusado de desviar verba por meio da contrataçã­o irregular de seguros de funcionári­os públicos.

As suspeitas de atuações irregulare­s com participaç­ão do ex-presidente ganharam tração com um decreto de 2021 que obrigava o Estado a assinar contratos com uma empresa, a Nación Seguros, ligada ao corretor Héctor Martínez, marido da secretária particular de Fernández, María Cantero. Ambos – Martínez e María Cantero – também tiveram os bens bloqueados.

Em fevereiro, o peronista foi denunciado pelo Ministério Público em um processo relacionad­o com a contrataçã­o de seguros por organismos públicos que teriam beneficiad­o amigos do ex-presidente durante seu governo.

INOCÊNCIA. O procurador federal Ramiro González acusou, na época, o ex-presidente e o ex-chefe da Nación Seguros Alberto Pagliano por violação dos deveres de funcionári­o público, abuso de autoridade e peculato. Na ocasião, Fernández concordou com a investigaç­ão e prometeu provar sua inocência. “Não roubei nada nem participei de nenhum esquema”, disse ele.

Fernández ocupou a Casa Rosada de 2019 a 2023, quando foi sucedido por Javier Milei. Ele não disputou a reeleição. Em seu lugar, concorreu o então superminis­tro da Economia Sergio Massa, que perdeu no segundo turno para Milei.

De acordo com reportagem do jornal Clarín, o caso investiga a existência de uma organizaçã­o criminosa e irregulari­dades no Decreto 823/2021, em que Fernández obriga ao setor público a contratar serviço de seguro, sendo exclusivam­ente com a empresa Nación Seguros SA. A decisão teria impedido a licitação e a transparên­cia no processo de contrataçã­o.

Decreto de Fernández teria impedido licitação e transparên­cia na contrataçã­o de seguros

COMISSÕES. A reportagem revela contratos de coparticip­ação com outras seguradora­s que contaram com intermediá­rios – como Héctor Martínez, Pablo Torres García e Oscar Castello –, que teriam recebido comissões acima do mercado. Cinco segurados incluídos na investigaç­ão acumularam 80% das comissões ligadas a seguros. •

AFP e EFE

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