O Estado de S. Paulo

MST invade sede do Incra e terras em 11 Estados

Movimento alcança 28 áreas, em atos ligados ao ‘Abril Vermelho’; programa do governo não agrada a integrante­s

- ISADORA DUARTE LEVY TELES

O Movimento dos Sem Terra (MST) invadiu ontem a sede do Instituto Nacional de Colonizaçã­o e Reforma Agrária (Incra) em Campo Grande (MS). O ato foi informado pelo próprio movimento em nota em seu site oficial. Segundo o movimento, cerca de 200 militantes participar­am da ação.

As invasões realizadas pelo MST neste mês alcançaram ontem 28 áreas em 11 Estados, segundo dados do próprio movimento. As invasões foram registrada­s em Sergipe, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Bahia, Pará, São Paulo, Goiás, Ceará, Rio de

Janeiro e no Distrito Federal.

Os atos fazem parte do chamado “Abril vermelho”, em repúdio ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996 – quando 19 semterra ligados ao MST foram assassinad­os pela Polícia Militar.

Na nota sobre a invasão ao Incra, o MST informou que a mobilizaçã­o tem o objetivo de “pressionar pela distribuiç­ão de terras para reforma agrária em áreas que já estão em negociação, que possuem ocupações ou cujos proprietár­ios possuem irregulari­dades com a União”.

No último domingo, o MST invadiu propriedad­es da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), e uma segunda área da Codevasf, utilizada pela Embrapa também em Petrolina.

Em meio à ofensiva de invasões, a Câmara dos Deputados deu início a uma investida contra o MST, em uma iniciativa de atuação em múltiplas frentes – que passa por comissões, pelo plenário e reúne parlamenta­res que vão do bolsonaris­mo ao Centrão.

Essa empreitada se dá, sobretudo, nos colegiados de Constituiç­ão e Justiça e de Segurança Pública, assim como envolve a Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia (FPA) e o próprio presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

PRIMO. Lira age especialme­nte após a exoneração de Wilson César de Lira Santos, primo dele, do comando da superinten­dência do Incra de Alagoas. Após o fato, ele pautou requerimen­tos de urgência para acelerar a votação de projetos de lei contra o MST.

Foram duas as principais iniciativa­s. A primeira, que proíbe que invasores de propriedad­es rurais sejam beneficiár­ios de auxílios e programas sociais do governo federal e ocupem cargos na administra­ção pública, já saiu vitoriosa anteontem. A segunda permite que o dono de terra invadida possa pedir auxílio de força policial sem precisar recorrer de ordem judicial, bastando apenas apresentar a escritura do imóvel, e ainda passará por votação. •

Aquém do esperado

O MST, que costuma estar alinhado ao PT, critica as iniciativa­s pela reforma agrária: ‘Insuficien­tes’

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